quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Notas de miragem

Tentei iniciar o ano escrevendo algo diferente. Não consegui.
Tempo velho de um ano novo.
(...)
Tenho sonhado frequentemente com meu velho. Aqui e ali ele ainda passa por mim e flerta, me diz coisas.
Estranho minha mãe não ter sonhado com ele ainda.
Pra mim, de todo modo, é o velho ano que não acabou, que talvez nunca acabe.
(...)
Vim do interior onde encontrei velhos amigos dele. São meus amigos agora, como também seus filhos, e até os filhos de seus filhos. Talvez esteja me transformando, por vezes acho mesmo que sou ele. E gosto, até.
(...)
Do alto de um prédio vi a tempestade emboscar a cidade. Nuvens subitamente cobriram o azul fazendo do cinza a âncora do mundo.
O muro d'água cegou-me por minutos enquanto o rebenque do granizo açoitando o prédio, os carros me fazia imaginar o fim de tudo. Fôramos reduzidos a prédios, carros?
Busquei explicação então numa viagem de trem. Sou mineiro, after all.
Fui além... adentrei a fazenda de um pai segundo e descobri um caminho novo: entre cães, galinhas, abóboras, o maxixe da horta, a mata, o gado, o lobo guará errante, a bebida intoxicante depois do jantar, estava a vida ali dispersa à minha frente.
(...)
Continuar é preciso...
Lembrei meu avô e repeti: "quem vier por último que feche a porteira".