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quarta-feira, 15 de junho de 2011

Bored to death.

"Estou tecnicamente morto!", dizia um entediado Francis nos bons tempos do Manhattan Connection. "E já houve um Francis não entediado?" perguntariam os não iniciados. Claro que sim. Em seu humor sarcástico, sua erudição requintada e ferina, sua contundência por vezes forçada e muitas vezes equivocada, em seu tédio ensaiado, teatral.
"Apenas os idiotas não se contradizem", espetava de pronto quando confrontado com uma de suas muitas opiniões comprovadamente equivocadas. Não tinha medo de errar, de ser injusto... às vezes. Ter opinião e ser livre pensador sempre teve um preço. Sabia e usava isso com maestria. Nunca ficou "em cima do muro".
Na era da "burrice como virtude cívica" e do peleguismo fisiológico, isso faz mais falta ainda. Sinto falta daquela verve.
Nunca mais vi o programa. Acabou-se, como acabou também a última trincheira de livre opinião da imprensa brasileira. Emitida de NY, btw.
Hoje o país opina por conveniência, exercita a política ensinada pelo grão mestre: conchavos, cooptações e clientelismo, ignorância, banalismo. De todos os lados. Todo mundo em busca de um  jabá. Pragmáticos.

O Brasil anda tão previsível que perdi o apetite de "descer o malho" nas últimas semanas. É tudo só "um pouco mais do mesmo", sem novidades, sem graça.
Quanto ao pretensioso exercício literário de escrever contos, crônicas... também afetado pela maré de tédio. Tecnicamente morto.

Como ele, nessas horas difíceis, também "Eu gostaria de ser o fantasma do Metropolitan Museum"[1]. Afinal, "Hitler nos provou que política dá sempre errado. Tudo o que ele mais queria era acabar com o comunismo e com os judeus. No final da Guerra a União Soviética virou superpotência e os judeus conseguiram fundar Israel."[1]

O "sweet prince" faz falta.
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[1] Paulo Francis 

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Mainardiando (ou Ilusão de Significado)

Digam o que quiserem do Mainardi mas seus artigos são deliciosos. Devem ser lidos com moderação, porém. Uma overdose como em 'A Tapas e Pontapés' enfastia. Pra não começar a odiar o autor parei de ler o livro pela metade e só retomei a leitura depois de umas 3 semanas. Estava a ponto de me matar ou por fogo no Brasil, ao som de liras.
Comungo da paixão por Voltaire. Swift nunca li, confesso, embora todo mundo conheça 'As Viagens de Gulliver'.
Ultimamente sua coluna já me fez pesquisar a commedia dell'arte, Eleonora Duse e Gabriele D’Annunzio, Boécio. Sobre o vaso sanitário da Toto não precisei de maiores explicações. Usufrui desse mimo no Japão em Dezembro passado, no Strings em Tokyo-Shinagawa. Até em Wakayama tinha uma versão popular da privada japonesa que tem a tampa aquecida que sobe e desce automaticamente.
Confesso porém que "o mecanismo interno que, acionado por controle remoto funciona como um bidê borrifando água morna do centro, da parte dianteira e da parte traseira", causou-me um susto, inicialmente. E diferente do Neorest 550 da Demi Moore, do Brad Pitt, da Madonna, do DiCaprio e do próprio Diogo, os que sentei não tocavam Mozart para abafar os barulhos do banheiro. Mas "também esses não teriam mexido na economia", como Squid.

Sua última coluna começa assim:
"Eu passei oito anos zombando do lulismo. Se agora eu passasse a zombar do dilmismo, que é uma mera pantomima do lulismo, eu me tornaria uma mera pantomima de mim mesmo."

Voltou pra Itália, Veneza. Mas continua impagável, embora acuado.

“Eu vim morar em Veneza para melhorar a qualidade de meus fantasmas. No Rio de Janeiro, eu convivia com o fantasma de Ziraldo. Aqui convivo com o fantasma de Eleonora Duse e de Gabriele D’Annunzio”.

"O problema do Brasil é o excesso de liberdade da imprensa. Quem disse isso, em outras palavras, durante um encontro com sindicalistas baianos, foi José Dirceu. Eu digo o contrário. Eu digo que o problema do Brasil é o excesso de liberdade de José Dirceu."

Marisa e filhos têm cidadania italiana. Lula não teria problemas em ser aceito por lá. Mino já é italiano. O Paulo Henrique e o Zé poderiam surfar no prestígio do chefe e ficar por lá sem problemas. Não fariam a menor falta.

Falta faz o Mainardi...O Ivan Lessa...O Francis.

E um vaso da Toto tocando Mozart em cada banheiro brasileiro abafando alguns ruídos constrangedores.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

"Um salve" pro imortal.

A leitura em mim é um ato nômade: as vezes se instala por um bom período e até parece que veio pra ficar. Noutras vezes, deserta emburrado, macambuzio, fugindo pelos fundos como acometido por um tédio mortal. Aliás, o Francis dizia que o tédio é como a morte. E plagiando o "sweet prince", digo que por vezes "estou tecnicamente morto" (bored to death).

(...)

No momento, em franca recuperação da ressaca de um desses períodos de tédio, estou lendo 4 livros, ao mesmo tempo. Isso mesmo. E aqui um adendo matemático: mutuamente exclusivos (vide probabilidade, meu chapa).
Bem, de Kingsbridge mergulho nas Minas de Carvão pelo caminho de Wigan Pier. De lá para a nata intelectual da Europa em meados do século passado onde cruzo com Koestler, Sartre, Camus, Primo Levi, Arendt...tudo num livro só. Salve Judt.
Mas Russell às vezes me puxa de volta para os Ensaios Céticos.

Fascinante. Ler é isso. Uma viagem!!!

Nesses tempos de cultura rasa, delivery, onde dragados pelo imbecilismo temos a impressão de que qualquer discussão mais elaborada nos estigmatizaria como aberrações de circo, ou nos ridicularizaria em 3D, High Definition, via satélite pelas lentes e agentes do pânico televisivo, as coisas ainda podem piorar.

Pois, reajamos!
Eu sei, Sarney é imortal e Collor é da Academia Alagoana de Letras... Só pelos discursos que fez (pelo menos é da alagoana).
Mas sejamos bravos, leia assim mesmo, e esqueça deles. Ah, e do mago também.
Leia tudo, até bula de remédio... menos eles... e a Carta Capital.
O Millôr prometeu(ou deveria) viver o suficiente para substituir o Dono do Mar (do Maranhão) resgatando um pouco da nobreza da literatura (e da academia).
O "morto rotativo" deveria ir em paz logo. E embora o "homi" tenha dito o contrário, EU repito Millôr:
"Em que exato momento histórico nossa ignorância passou a ser virtude cívica?"

quarta-feira, 21 de julho de 2010

"Waaaallll..."

"Crime hediondo é tiro na nuca".
Sou mais o Francis, pragmático e sem meias palavras.

Ok, definamos crime hediondo (aguenta!!!):
Art. 1o São considerados hediondos os seguintes crimes, todos tipificados no Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal, consumados ou tentados: (Redação dada pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994)
I - homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, I, II, III, IV e V); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994)
II - latrocínio (art. 157, § 3o, in fine); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994)
III - extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994)
IV - extorsão mediante seqüestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ 1o, 2o e 3o); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994)
V - estupro (art. 213 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994)
VI - atentado violento ao pudor (art. 214 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único); (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994)
VII - epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). (Inciso incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994)
VII-A – (VETADO) (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 20.8.1998)
VII-B - falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998). (Inciso incluído pela Lei nº 9.695, de 20.8.1998)
Parágrafo único. Considera-se também hediondo o crime de genocídio previsto nos arts. 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956, tentado ou consumado. (Parágrafo incluído pela Lei nº 8.930, de 6.9.1994)

Adiantou alguma coisa? Pois é. Ouvir uma entrevista do Tom Zé mediada pelo Gil teria fuxicado o mesmo efeito.

A Anistia Internacional ou os militantes dos direitos humanos (por profissão) provavelmente me estripariam por isso, caso fosse eu alguém capaz de dar-lhes alguma janela para exposição. Contudo, sou apenas mais um Tião na multidão, salvo da atenção deles (Just the fool on the Hill).

A tal Amnistia Internacional foi fundada em 1961 pelo advogado inglês Peter Benenson, na sequência de uma notícia publicada no ano anterior pelo jornal Daily Telegraph sobre a condenação de dois jovens estudantes portugueses a sete anos de prisão por gritarem "viva a liberdade" numa esplanada no centro de Lisboa durante o regime de Salazar (eita Wikipédia).
Hoje em dia recebe a alcunha de organização não-governamental, e isso por aqui é quase sinônimo de lavagem de dinheiro público em direção ao caixa 2 de partidos e/ou partidários. "Esse nosso sítio" provavelmente é o único lugar do mundo onde não-governamental significa estatal, patrocinado com verbas públicas.
Depois disso só mesmo o Nobel da Paz e o levante contra Salazar para redimir sua atuação no Brasil.

Complicando um pouco: pense agora na trupe dos militantes pela igualdade racial, esses mesmos que inventaram e fomentam o preconceito racial no Brasil vestidos a caráter com roupas pseudo-africanas, cabelo afro e o diabo. Esses que inventaram e usufruem até de uma secretaria com status de ministérioEsses mesmos que adoram um fórum, uma plenária, um seminário, uma conferência na Suiça, o PT (ai descambou)...
Esses que dizem que eu e meu cabelo encaracolado somos brancos...difundindo o preconceito do preconceito (mas não foi com a negação do mesmo que tudo começou?).

PS Só para registro: cresci no meio de negros e brancos(e nunca notei a diferença na cor), até porque brasileiro é brasileiro e africano é africano, “homem é homem, menino é menino e baitola é baitola”. Afro-descendente aqui‽ ‽ ‽ O escambau!!! Sou é brasileiro, mineiro e belo-horizontino de Minas Novas.
   Tomei conhecimento do tal “preconceito” como um conceito externo, formulado por militantes emplumados em roupas estranhas. Essa turma que vive num mundo paralelo inventando conflitos raciais onde estes ainda nem existem e propondo depois as soluções heróicas para resolvê-los.
  Logo eu, que passei minha juventude tão magro como um pau de tripa com os meus 50 kg – pau de tripa era um dos muitos apelidos que carregava além de magrelo, magrão, lingüiça e uns tantos outros usados pelo bullying normal e inofensivo daquela época. Como diria meu sábio pai, isso nunca "nem me balançou a passarinha”. Naquela época o conceito de bullying ainda não havia sido importado e nenhum compêndio sobre o preconceito da magreza escrito. Passei por tudo incólume. A ignorância é maravilhosa às vezes, não é verdade

Agora chame hoje um n@gão de n@gão..."Pera lá", preconceito racial + um rosário de jargões panfletários + uma dúzia de teorias alinhavadas em livros duvidosos escritos por "advogados/filósofos/sociólogos" brancos oportunistas = o prato do dia para o Narciso militante racial com fome de poder de plantão.

Balelas! Balelas ou o insumo básico dos arautos da salvação na pele desses líderes (humanitários, comunitários, sindicais/partidários...) sejam eles n@gões ou caucasianos, paulistas ou nordestinos.
Essa gente que dita o mote da insurreição e encabeça a tropa dos oprimidos (depois da vitória e do sacrifício dos peões, of course) ante a festa da libertação merece, pra mim, alguma desconfiança. Se pelo menos tivessem antes se enfurnado pelo Caminho Para Wigan Pier ou ainda lutado ao lado dos republicanos contra Franco na Espanha, teriam um pouco mais da minha credibilidade.
Não obstante, meros viciados em poder, plebeus de araque infiltrados na turba preconizando a luta e o sacrifício(dos outros) em direção a Canaã. Esses apóstolos da nova ordem(ou nova horda), gente beijada pela providência ou pelas musas ou deuses, ou pela inteligência, carisma, ou seja lá por mais o que justifique sua ascendência sobre a tropa. “Ungidos” com o dom da diferença - embora para mim sejam todos absolutamente iguais, vermelhos, magrelos, n@gões, arianos, amarelos, políticos ou azuis.

(...)

A visão maniqueísta das coisas nunca me caiu bem. Esquerda e direita, progressista e reacionário, revolucionário e imperialista, Ahmadinejad e Barak, branco e preto, Keys e... Chavez e... Bem, por ai vai.
Se gostasse dessa supersimplificação das vicissitudes humanas teria visto e chorado muito com o filme do presidente ou com os filhos de Francisco; imediatamente após teria comprado o DVD e alguns CDs da dupla.
Mas, só cá entre nós, é que também detesto música breganeja.

No entanto, por que complicar o simples e simplificar o complicado???
Poderiamos ser meramente matemáticos e afirmar que receber propina é corrupção, dízimo é sacanagem, aliciar menores é pedofilia, que um magrelo é um magrelo(somente alguém abaixo do peso) e um n@gão é um n@gão, e não há nada de errado nisso.

Que bom seria a "clarividência" de que meio “viado” ou meio honesto não existem e de que o número ί=√(-1) só existe porque matemática é matemática.

Ah se a vida fosse só um pouquinho mais exata, com a metade do congresso e do executivo na prisão enquadrada com base na Lei nº 8.930.
E para os ladrões de carro que arrastaram por 7 Km no Rio o menor João Hélio, de 6 anos : tiro na nuca...

Ah se tudo não fosse verdade...