terça-feira, 20 de setembro de 2011

"Entre um Silêncio e Outro"

Trouxe comigo um turntable (o velho e bom toca-discos) da última vez que estive fora.
Isso voltou a ser moda por lá a ponto da versão em vinil de um CD ser encontrada facilmente até nas prateleiras da Best Buy, all over the US. Talvez seja mesmo o prelúdio do fim, o último suspiro da exploração comercial de ambas as mídias depois do formato MP3, ou simplesmente a abertura de nicho para colecionadores e nostálgicos em geral... Sei lá.
Embora hoje em dia não haja quase nada que não possa ser "ripado" ou convertido usando um computador e um software - óbvio, considerando que você é um geek ou alguém com menos de 16 anos -, converter meus VHS's e vinis sempre foi uma daquelas tarefas relegadas a "algum dia". Com efeito, não sou um geek e passei pelos 16 ainda nos anos 80. 
Eis então que meus LPs, pedaços da trilha sonora da minha juventude, ficaram anos como relíquias vintage escondidos em prateleiras de algum armário em casa.

(...)

É sabido que memórias que incluam lembranças de odores tendem a ser mais intensas e emocionalmente mais fortes. Um odor que tenha sido encontrado mesmo que só uma vez na vida, pode ficar associado a uma experiência marcante e evocar a memória dela automaticamente, quando reencontrado. E a primeira associação feita com um odor pode mesmo interferir com a formação de associações subsequentes, numa espécie de "indução proativa".
Pelo menos é o que diz a ciência.

Tião, um irmão que se foi, sabia disso e destilava requintes ao descrever experiências e lembranças ao sabor de sua memória olfativa, tornando-as muitas vezes, reminiscências quase palpáveis. Fazia isso sem nunca ter lido 'Perfume: The Story of a Murderer' do escritor alemão Patrick Süskind ou visto a adaptação para o cinema estrelada por  Ben Whishaw.

Já eu, acometido de sinusite crônica, depois de anos padecendo desse mal fiz foi perder parte de meu olfato.
Minhas memórias sempre couberam melhor sob a trilha sonora de algum LP. Se por gosto ou efeito colateral de um faro ruim não sei, "só sei que foi assim".

(...)

Então hoje, vasculhando o pequeno acervo de vinis que ainda tenho em casa, saltou-me da pilha 'Entre Um Silêncio e Outro', do Marco Antônio Araujo, 1983.
Da época em que a capa do disco era espetáculo à parte, reproduzo na íntegra o texto da contra-capa e me assombro com sua atualidade.

'A constante conscientização provocada pelas situações em que a vida nos coloca, por motivos que não cabem aqui discutí-los, justificá-los, glorificá-los ou lamentá-los, é o ponto de partida para a análise da coerência das nossas atitudes.
É óbvio que tais vicissitudes e situações são tão várias como vários somos nós.
Daí posições calcadas em argumentos "coerentes" quanto às relações com o bem, o mal, o absurdo, a razão, a justiça, a injustiça, a ciência, a arte. É a luta pela imposição de conceitos travada pelas tendências no sentido de subjugar umas as outras impondo seus pensamentos e objetivos. Daí o nascimento do poder que se estabelece oferecendo possibilidades a seus apaniguados, e marginalização ou aniquilamento aos que resistem em suas posturas independentes ou libertárias.
É o poder, legião exploradora dos indecisos, indiferente às propostas sobre as quais não pode usufruir no nível de sua ganância e, favorecendo a segundas-intenções; atos ocos com objetivos que não eles mesmos; aceitações passageiras dependentes do transitório fabricado e inconsequente; mentiras que deturpam o conceito sagrado da criação.

Mas existem os atos de primeira intenção. Feitos da necessidade íntima de serem criados, tão naturais quanto o alimento e a água que nos permite viver: o ideal do artista entre um silêncio e outro.'
Marco Antônio Araújo

domingo, 18 de setembro de 2011

A teoria da relatividade... da verdade ideológica

Universidades em greve há meses.
No passado, greves eram a expressão máxima da reinvidicação de "classes oprimidas" pelo arrocho, pela exploração e "blá blá blá".
Agora, Squid chama de irresponsabilidade e execra todas as que forem contra eles. Vaias então... só se servirem a seus propósitos.
Já Haddad disse : "Infelizmente, a direita conservadora conta com o apoio da esquerda conservadora para evitar o progresso do nosso País". Hilário. E triste. Bastam alguns segundos para depurar a mensagem do incompetente Ministro da Educação inventado por Squid e "marketado" pelo "PiG chapa branca" do PH: quem não está conosco está contra nós... ou é reacionário, conservador, direitista, ou o diabo que o parta... Até a esquerda ganhou uma pecha agora. Haddad inventou a "esquerda conservadora" (sic).
E eu e minha mania de querer alguma lógica: ou é ou não é. Essa multiciplidade de conceitos e valores tomando a direção mais apropriada diante das circustâncias me lembra mais o código de ética da "cosa nostra".

É modus operandi das ditaduras e totalitarismos o uso indiscriminado da mentira e da erística. A verdade é apenas tudo o que os partidários do poder desejam, e para isso técnicas como desqualificar (até a já desqualificada esquerda nacional, vejam vocês) o adversário insuflando a "macaquice" da turba é só um aperitivo. Refutar acusações com provas?!?! Nunca. Provar inocência?!?! Jamais. Afinal, como diria Groucho Marx, "você prefere acreditar em mim ou em seus próprios olhos?" Mais fácil usar de "rótulos odiosos" e chamar de moralistas, conservadores, direitistas (e até de "esquerdistas conservadores" agora) todos os que não caminharem do lado (como cães de guarda), a despeito de seja lá qual for o descalabro. Ademais, provar como??? Seria como tentar justificar o injustificável. Melhor partir para o ataque e transformar o vilão em vítima ou a vítima em vilão. No mais é contar com a rede de "togas amigas".
Nesse ponto, a "democracia" petista dá arrepios até na ditadura militar. Vide a atuação da Marta Suplício substituindo o presidente do Senado (me recuso a repetir aquele nome) numa sessão plenária de interesse do governo: é goela abaixo mesmo! Dane-se o regimento interno. Regras o escambau!

A turma decorou de trás pra frente as teorias de Gramsci e Althusser (AIEs, principalmente) e plantaram "cumpanheros" na burocracia estatal a ponto de muito em breve controlarem tudo (mais alguma investigação da PF contra o PT desde a época do Ministro Tarso Genro? No STF, parece "tudo dominado": o mensalão "nunca existiu" e Zé e trupe ainda acabarão condecorados por serviços prestados à pátria. A propósito, o STJ anulou as provas colhidas pela PF que investigava suspeitas de crimes cometidos pela família do rei do Senado, Sir Ney do Brejal. E o Palocci? E o Alfredo Nascimento? Wagner Rossi? Pedro Novais? E por ai vai...)
Não vejo mais independência das instituições. Tudo tende a ser o mesmo "balaio de gatos" orquestrado pela batuta político-partidária interesseira dos donos do poder, que aliás querem se perpetuar lá pra sempre.

Democracia costumava ser exatamente a possibilidade de alternância no poder. E alguns ainda acham que pra ser ditadura tem que ter farda. As sem farda costumam ser ainda mais perniciosas, na medida em que agem na surdina, sem freios ou limitações morais. Vale tudo meu caro, tudo, às escuras... tanto pior.
Que o digam Celso Daniel e Toninho do PT, em alguma sessão espírita por ai.
Óbvio, direito de voz sem censura caso o babalorixá não seja mais um militante com carteirinha do partido. Porque se for, os desafortunados fantasmas estarão fadados a pagar pelo "malfeito" dos quais "são os únicos culpados".
Ainda que mortinhos da Silva, ou "fantasmagoricamente" por isso mesmo.

domingo, 11 de setembro de 2011

Aberração de circo

Parece ser uma espécie de sina, e cá estou eu de novo tentando explicar a mim mesmo (vide http://strategosaristides.blogspot.com/2011/08/nem-verdadeiro-nem-falso-muito-antes.html) que aderir a certos "frame of mind" é natural. Embora o tema seja conhecido e tenha sido abordado pelos sociólogos e psicólogos sociais franceses Gabriel Tarde e Gustave Le Bon ainda no século 19 - posteriormente também estudado por Freud e Wilfred Trotter, Thorstein Veblen e mais recentemente por Malcolm Gladwell em 'The Tipping Point' -, pra mim seu formalismo ainda era desconhecido.
Como continuo por vezes sendo a "aberração de circo" ao marchar no sentido oposto ao da turba - evidentemente não sem pagar um preço -, achei imperativo esclarecer a mim mesmo razões e causas, como lenitivo à pecha que quase sempre carrego.

Da Wikipédia trago o conceito principal : 
The term herd mentality is derived from the word herd, meaning "group of animals," and mentality, implying a certain frame of mind. However the most succinct definition would be: "how large numbers of people act in the same ways at the same times."
Herd behavior is distinguished from herd mentality because it applies to all animals, whereas the term mentality implies a uniquely human phenomenon. Herd mentality implies a fear-based reaction to peer pressure which makes individuals act in order to avoid feeling "left behind" from the group. Herd mentality is also sometimes known as "mob behavior".

Adiciono então o conceito detalhado de Le Bon em Psychologie des foules [1855]:
‘A peculiaridade mais notável apresentada por um grupo psicológico é a seguinte: sejam quem forem os indivíduos que o compõem, por semelhantes ou dessemelhantes que sejam seu modo de vida, suas  ocupações, seu caráter ou sua inteligência, o fato de haverem sido transformados num grupo coloca-os na posse de uma espécie de mente coletiva que os faz sentir, pensar e agir de maneira muito diferente daquela pela qual cada membro dele, tomado individualmente, sentiria, pensaria e agiria, caso se encontrasse em estado de isolamento.
Há certas ideias e sentimentos que não surgem ou que não se transformam em atos, exceto no caso de indivíduos que formam um grupo. O grupo psicológico é um ser provisório, formado por elementos heterogêneos que por um momento se combinam, exatamente como as células que constituem um corpo vivo, formam, por sua reunião, um novo ser que apresenta características muito diferentes daquelas possuídas por cada uma das células isoladamente.’ (Trad., 1920, 29.)

A partir daqui "salto" ao ponto que me interessa:
Le Bon acreditava que os individuos num grupo apresentam novas características que não possuíam anteriormente e busca a razão disso em três fatores diferentes/causas. Trago a mais importante:
‘A terceira causa, de longe a mais importante, determina nos indivíduos de um grupo características especiais que são às vezes inteiramente contrárias às apresentadas pelo indivíduo isolado. Aludo àquela sugestionabilidade, da qual, além disso, o contágio (num grupo, todo sentimento e todo ato são contagiosos, e contagiosos em tal grau, que o indivíduo prontamente sacrifica seu interesse pessoal ao interesse coletivo) não é mais do que um efeito.’
 ‘Para compreender esse fenômeno, é necessário ter em mente certas recentes descobertas psicológicas. Sabemos hoje que, por diversos processos, um indivíduo pode ser colocado numa condição em que, havendo perdido inteiramente sua personalidade consciente, obedece a todas as sugestões do operador que o privou dela e comete atos em completa contradição com seu caráter e hábitos. As investigações mais cuidadosas parecem demonstrar que um indivíduo imerso por certo lapso de tempo num grupo em ação, cedo se descobre — seja em consequência da influência magnética emanada do grupo, seja devido a alguma outra causa por nós ignorada — num estado especial, que se assemelha muito ao estado de ‘fascinação’ em que o indivíduo hipnotizado se encontra nas mãos do hipnotizador. (…) A personalidade consciente desvaneceu-se inteiramente; a vontade e o discernimento se perderam. Todos os sentimentos e o pensamento inclinam-se na direção determinada pelo hipnotizador.’ (Ibid., 34.)

 ‘Vemos então que o desaparecimento da personalidade consciente, a predominância da personalidade inconsciente, a modificação por meio da sugestão e do contágio de sentimentos e ideias numa direção idêntica, a tendência a transformar imediatamente as ideias sugeridas em atos, estas, vemos, são as características principais do indivíduo que faz parte de um grupo. Ele não é mais ele mesmo, mas transformou-se num autômato que deixou de ser dirigido pela sua vontade.’ (Ibid., 35.)

Junte-se a isto o estudo de Van Gennep sobre os "ritos de passagem" (cerimoniais que marcam a transição dos indivíduos de um status para outro numa sequência que incluí "separação", "transição" e "incorporação") e temos explicação razoável para determinadas imposturas do grupo sobre a individualidade como condição de incorporação... ou separação.

Eis então que torna-se mandatório ser conhecedor até das banalidades que caracterizam o grupo ao qual se está inserido como critério válido para manutenção de sua aceitação. 
Como, ao invés disso, às vezes cismo em conhecer a razão intrínseca do porquê fazemos isso ou aquilo, continuo no mais das vezes como o "homem elefante" da história, já que considero mesmo quase insuportável aderir à todas unanimidades sociais passivamente.
Ai só tem um jeito: ou você acha bonito saber que Van Gennep (com esse nome mesmo, viu carioca?) era alemão - embora tenha se mudado para França aos 6 anos após o divórcio dos pais - e que Dante Alighieri foi quem escreveu a 'Divina Comédia', além de ser o nome de um colégio caríssimo em Sampa, ou que é mais importante saber que A "harmoniza" com B e o copo adequado para o conhaque, espumante ou vinho branco é assim ou assado.

Teimoso que sou, prefiro descer aos círculos do Inferno acompanhando Dante e Virgílio a me curvar abnegado a todas as "normas sociais" que ao fim e ao cabo padronizariam meu gosto, meus atos, com a certeza de que verdades científicas mandaram o homem à lua e continuam verdades, independentemente do lugar e da cultura, e embora comer cachorro (boshintang) aqui não "harmonize" com coisa alguma, isso é/foi deveras apreciado na Coréia.

sábado, 10 de setembro de 2011

Phaces e Phrases + Aphorismos

Pergunta para o próximo Congresso do Partido:
"Só há um forma de saber se um homem é honesto... pergunte-o. Se ele disser 'sim', então você sabe que ele é corrupto."
Groucho Marx

Minha opinião acerca de um "intelequiatual progressista":
"Ele pode parecer um idiota e até agir como um idiota, mas não se deixe enganar: é mesmo um idiota!"
Groucho Marx

Conselho nunca seguido:
"Para mim, a televisão é muito instrutiva. Quando alguém a liga, corro à estante e pego um bom livro." 
Groucho Marx

Aphorismos do "guerreiro do povo brasileiro" (que diga-se de passagem, não consta em registro de ação guerreira alguma, a não ser da prisão num congresso da UNE numa fazenda em Ibiúna, sem resistência) :
"O segredo do sucesso é a honestidade. Se você conseguir evitá-la está feito"
"Você prefere acreditar em mim ou em seus próprios olhos?"
"Estes são os meus princípios. Se você não gosta deles, eu tenho outros." 
Groucho Marx

Agora para NÓS (do Millôr):
"Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados."
"Se você agir sempre com dignidade, pode não melhorar o mundo, mas uma coisa é certa: haverá na Terra um canalha a menos."

Pra finalizar, outras do Millôr, para "todos eles" (inclusive os ditos "imparciais" que no fim são até donos de ONGs):
"Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim."
"A diferença fundamental entre Direita e Esquerda é que a Direita acredita cegamente em tudo que lhe ensinaram, e a Esquerda acredita cegamente em tudo que ensina."

sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Moralismo udenista é o c...

Querer honestidade, dignidade e cidadania, cultura, democracia, justiça e liberdade é possível. Compatível também com o fato de que não há uma única bandeira, de uma única cor, todo o tempo, pra sempre. Que "ostentar bandeiras" (honestamente, por uma causa, não por benesses ou sinecuras futuras) denotam um objetivo específico, estanque, que o dinamismo de causas e diversidade de propósitos fazem mudar de cor, aqui e ali.
Tudo passa e verdades absolutas não existem (só na Lógica). A consistência não está na intransigência, mas no racionalismo.
Os livres-de-partido, livres-de-grupos, livres-de-líder, livres-de-bandos, livres-de-bandeiras, livres-de-mártires e livres-de-profetas existem. São também livres pensadores. Livres. Não têm vocação para ovelhas, não querem pastores. 
Pensam, que é ato distinto do que tornam outros acólitos e/ou fanáticos. Nunca vão de "esquerda em esquerda" ou de "direita em direita". Isso é babaquice. Fatos ou questões não podem ser analisados somente sob o "determinismo" da coloração partidário-ideológica. Se a ciência fizesse isso não teríamos a penicilina, muito menos a cura para a tuberculose, ambas seriam ainda moeda de troca de grupos de poder.
Subjugar tudo à perspectiva político-ideológica antecipa as conclusões manipulando as premissas, sempre delineadas por algum tipo de megalomanismo nacionalista travestido de "bem comum" (sai pra lá Dugin).
Analisar e estudar todos os lados, sem censura, patrulhamento ou recriminação é condição sine qua non para a ciência, para o homem, para conclusões verdadeiras. 
E "moral udenista" é só um 'rótulo odioso' para intimidar o livre-pensamento. 
Aliás, "moralismo udenista" é o c...
Aceitar uma escala de valores à luz da ética ou do que Yves de La Taille chamou enigmaticamente de "contrato social" (mas que uso assim mesmo: http://strategosaristides.blogspot.com/2011/08/arca-perdida.html) e menosprezar o maquiavelismo ou a ética revolucionária de que vale tudo pelo objetivo ou pela "causa" parece-me imperativo. Como viver em sociedade sem tais regras ainda que tácitas? A menos que seja você uma dessas ovelhas que necessita de pastor ou de um "gênio operário". 
Diferentemente do "gênio", eu cá prefiro as letras, e já iniciei por Spinoza. Depois lerei o livro do Nêumanne, embora o filho do Brasil nunca tenha me enganado.
(...)
O maniqueísmo simplista da velha luta de classes como cerne de todos os males é cantilena velha. 

De novo: "moralismo udenista é o c..."

Do Reinaldo Azevedo, na íntegra.
(http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/esta-criado-o-msp-o-movimento-dos-sem-politico-individuos-livres-ganham-as-ruas-cumpre-a-cada-um-romper-o-cerco-da-empulhacao-e-da-maquina-oficial-de-propaganda/)
08/09/2011
às 6:01
No dia em que milhares de brasileiros saíram às ruas para protestar contra a corrupção, a UNE não saiu, não!
É que a UNE estava contando dinheiro.
O governo petista já repassou aos pelegos mais de R$ 10 milhões e vai dar outros R$ 40 milhões para eles construírem uma sede de 13 andares, que serão ocupados pelo seu vazio de idéias, pelo seu vazio moral, pelo seu vazio ético.
No dia em que milhares de brasileiros saíram às ruas para protestar contra a corrupção, a CUT não saiu, não!
É que a CUT estava contando dinheiro.
O governo petista decidiu repassar para as centrais sindicais uma parte do indecoroso imposto cobrado mesmo de trabalhadores não-sindicalizados. Além disso, boa parte dos quadros das centrais exerce cargos de confiança na máquina federal.
No dia em que milhares de brasileiros saíram às ruas para protestar contra a corrupção, o MST não saiu, não!
É que o MST estava contando dinheiro.
O movimento só existe porque o governo o mantém com recursos públicos. Preferiu fazer protestos contra a modernização da agricultura.
No dia em que milhares de brasileiros saíram às ruas para protestar contra a corrupção, os ditos movimentos sociais não saíram, não!
É que os ditos movimentos sociais estavam contando dinheiro.
Preferiram insistir no seu estranho protesto a favor, chamado “Grito dos Excluídos”. Na verdade, são os “incluídos” da ordem petista.
Os milhares que saíram às ruas, com raras exceções, não têm partido, não pertencem a grupos, não reconhecem um líder, não seguem a manada, não se comportam como bando, não brandem bandeiras vermelhas, não cultuam cadáveres de falsos mártires nem se encantam com profetas pés-de-chinelo.
Os milhares que saíram às ruas estudam, trabalham, pagam impostos, têm sonhos, querem um país melhor, estão enfarados da roubalheira, repudiam a ignorância, a pilantragem, lutam por uma vida melhor e sabem que a verdadeira conquista é a que se dá pelo esforço.
Os milhares que saíram às ruas não agüentam mais o conchavo, têm asco dos vigaristas que tomaram de assalto o país, não acreditam mais na propaganda oficial, repudiam a política como exercício da mentira, chamam de farsantes os que, em nome do combate à pobreza, pilham o país, dedicam-se a negociatas, metem-se em maquinações políticas que passam longe do interesse público.
O MSP - O Movimento dos Sem-Político
Vocês viram que os milhares que saíram às ruas estavam acompanhados apenas de seus pares, que, como eles, também saíram às ruas. Era o verdadeiro Movimento dos Sem-Político. Não que eles não pudessem aparecer por ali. O PSOL até tentou “embandeirar” os protestos, mas os presentes não aceitaram. Aquele era um movimento das ruas, não dos utopistas do século retrasado, que ainda vêm nos falar, santo Deus!, de “socialismo com liberdade”.
Se políticos aparecessem para também protestar  — não para guiar o povo —, teriam sido bem-recebidos, mas eles não apareceram porque nem se deram conta ainda de que alguma coisa está em gestação, de que um movimento está em curso, de que algo se move no ventre da sociedade brasileira.
Na semana em que milhares de brasileiros evidenciavam nas redes sociais e nos blogs e sites jornalísticos que estão enfarados de lambança, governistas e oposicionistas estavam mantendo conversinhas ao pé do ouvido para tentar preencher a próxima vaga do Tribunal de Contas da União. A escolha do nome virou parte das articulações para a disputa pela Presidência da República em 2014… Governistas e oposicionistas que se metem nesse tipo de articulação, da forma como se dá, não estão percebendo que começa a nascer um movimento, que já reúne milhares de pessoas, que não mais aceita esse minueto de governistas arrogantes e oposicionistas espertalhões. Essa gente, de um lado e de outro, ficou irremediavelmente velha de espírito.
Os caras-pintadas, desta feita, não puderam contar com a máquina dos governos de oposição, como aconteceu com o Movimento das Diretas-Já e do impeachment de Collor. Ontem, e assim será por um bom tempo, eram as pessoas por elas mesmas. Sim, algo se move na sociedade. E é inútil se apresentar para “dirigir” o movimento. Marina Silva até percebeu a onda, mas errou ao apostar que os outros não perceberam a sua onda. Esse movimento, dona Marina, não nasce com assessoria de imprensa, assessoria de imagem, assessoria política e forte suporte financeiro. O seu apartidarismo, candidata, é transitório; o dos brasileiros que foram às ruas é uma condição da liberdade.
O maior em nove anos
Os milhares que saíram às ruas ontem, tratados com desdém nos telejornais, fizeram a maior manifestação de protesto contra o “regime petista” em seus nove anos de duração. E algo me diz que vai continuar e tende a crescer. Pagamos um dos maiores impostos do mundo para ter um dos piores serviços públicos do mundo. Sustentamos os políticos que estão entre os mais caros do mundo para ter uma das piores classes políticas do mundo. Temos, acreditem, uma das educações mais caras do mundo para ter uma das piores escolas do mundo. Temos um dos estados mais fortes do mundo para ter uma das maiores cleptocracias do mundo.
O Movimento dos Sem-Partido não rejeita a democracia dos partidos — até porque, sem eles, só existe a ditadura do Partido Único —, mas quer saber se alguém se dispõe efetivamente a romper esse ciclo de conveniências e conivências. Os milhares que foram às ruas desafiaram o risco de ser demonizados pelos esbirros do oficialismo. Perderam o medo.
Sim, em passado nem tão recente, em 2007, um grupo tentou organizar uma reação à corrupção, que se generalizava. Não chegou a crescer como este de agora, mas se fez notar. Tinha uma espécie de palavra-chave para identificar os indignados: “Cansei!” O movimento foi impiedosamente ridicularizado. Escrevi a respeito à época. Foi tratado como coisa de dondocas, de deslumbrados insatisfeitos com o que se dizia ser a “democratização” do Brasil. Houve estúpidos que afirmaram que eram ricos que não suportavam ver pobres nos aviões — como se o caos aéreo punisse apenas os endinheirados.
A menor tentativa de esboçar uma reação aos desmandos dos ditos “progressistas” era tratada a pauladas. Na Folha, Laura Capriglione chegou a ridicularizar uma passeata de estudantes da USP, feita no campus da universidade, que protestavam contra as greves. Os que queriam estudar foram tratados como um bando de reacionários. Os indignados com a corrupção e com a mistificação perderam o medo.
Enfrentar a desqualificação
A tentativa de desqualificação virá — na verdade, já veio. Veículos a soldo, dedicados ao subjornalismo oficialista, alimentado com dinheiro público, já fazem pouco caso das manifestações. As TVs ontem deram menos visibilidade aos protestos do que dariam a uma manifestação de descontentamento no, deixe-me ver, Bahrein! Parece que há gente que acha que democracia é uma coisa importante no Egito, na Líbia e na Síria, mas não no Brasil.
É inútil! Os milhares que foram às ruas ontem não precisam da oposição, não precisam do subjornalismo, não precisam do jornalismo simpático às manifestações de protesto do Iêmen… A dinâmica hoje em dia é outra.
Que os sem-partido, sem-grupos, sem-líder, sem-bando, sem-bandeiras vermelhas, sem-mártires e sem-profetas insistam. A oposição, se quiser, que se junte. Quem sabe até ela aprenda a ser livre e também diga com clareza: “Não, vocês não podem!”
Por Reinaldo Azevedo

quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Sati

Dia ensolarado mas de um sol sonso, a temperatura teimosa recusando-se a passar dos quinze graus, como de costume. Acordou tarde, já dolorida do ócio autoinflingido há meses, quando reconstituiu num átimo sua jornada por entre as horas: do lixo da TV aos livros dispersos na casa, na cabeceira da cama, o iPod, as idas ao banheiro, à cozinha, o transe dos sonhos e pesadelos, o laptop, um suco, uma maçã... suas conversas imaginárias com Arendt, com quem dividia o fato de também ter lido a 'Crítica da Razão Pura' ainda na tenra juventude, ter sido existencialista, depois...
Tais conversas às vezes estendidas por horas. Esse talvez o último indício - inquestionável - de que ainda não morrera, porque a loucura é traço derradeiro dos vivos.
Alongou-se dolorida, ao mesmo tempo em que tomava a não menos dolorosa decisão de sair da cama, ou daquela ilha em que invariavelmente transformara seu quarto há quase um ano, onde trancafiava-se todas as vezes que alguém mais vinha pôr alguma ordem na casa, cuidar dos suprimentos, roupas, contas.
Livros, pratos, restos de frutas, copos, roupas alçadas a esmo, todos amigos fiéis de sua reclusão autoimolada.
Mas diferente de Sati, preferia a cama, os livros e a solidão à fogueira.
Pôs-se de pé e dirigiu-se ao banheiro. Um banho, os dentes, roupa limpa, iPod no ouvido, precipitou-se na rua, então, pela primeira vez em quase onze meses. Andou perdida por entre a Marechal Deodoro, Visconde, Desembargador. "Por que diabos todas as ruas têm esses nomes?" ... ao mesmo tempo em que Lô soprava-lhe no ouvido 'Ruas da Cidade', "Guiacurus Caetés Goitacazes/Tupinambás Aimorés/Todos no chão/Guajajaras Tamoios Tapuias/Todos Timbiras Tupis/Todos no chão/A parede das ruas/Não devolveu/Os abismos que se rolou/Horizonte perdido no meio da selva/Cresceu o arraial"[1].
Não era seu arraial, todavia. Havia se mudado depois do casamento acompanhando o marido de volta ao Sul do país. Foram anos de paz, felicidade. Mas tudo findou num mal derradeiro, um ano de desespero, numa coleção de pequenas tristezas e vicissitudes que mudaram de vez sua perspectiva.
Depois da morte seu isolamento congelou todas as antigas amizades, menos Carla, que ainda cuidava dela sem mais questionar, ou tentar demovê-la daquele luto insano.

Subiu a Desembargador e avistou o desenho dos postes clássicos de iluminação delineando a rua por entre a calçada, árvores e prédios. Na esquina com a Rua Brigadeiro Franco, sinal ainda aberto para os carros. Aumentou o volume, fechou os olhos... atravessou. Deslindara o problema filosófico mais sério para Camus, custara-lhe quase onze meses: sua vida era um absurdo.
Alcançaria o outro lado? Afundou-se na música e preferiu evaporar ali mesmo, transmutada na essência do ato, enquanto ainda caminhava.

Nunca se saberá.
__________________________
[1] Ruas da Cidade - Lô e Márcio Borges

"Um pé na soleira e um pé na calçada"

Cresci me imaginando diferente, como que beijado pela providência ou musas tivesse herdado algum tipo de missão grandiosa ou o dom de mudar o mundo. O corpo fechado, "the one", o grande irmão, sei lá mais o quê.
E o mais que fiz foi copiar a mim mesmo, já cópia de tantos, dispersos e incongruentes, tornando-me o xerox do xerox do xerox... de outros, de mim.
Um seixo, ininteligível, uma borra é tudo o que resta agora no espelho d'alma onde outrora projetei meus sonhos. Talvez só a presunção e a arrogância dêem conta de meus atos, meus passos até aqui, além da miopia e um mundo virado.

E agora? Os anos se foram e é como se o produto viscoso de minhas entranhas num espasmo de ressaca nunca tivesse saído de mim nem fosse a consequência de minha estúpida embriaguez.
Não reconheço mais os propósitos ou por que ainda insisto em reconstruir-me.
Melhor teria sido reinventar-me, ou fugir definitivamente de mim mesmo. Mas o exílio de si demanda o suicídio ou a patologia da loucura, itens incompatíveis a quem ainda carrega alguma lucidez misturada a camisas e meias na mala de viagem.

A sobrevivência é puro instinto. Sempre foi.
Sempre será.

Me chamo... Léo.

"Um plano de voo e um segredo na boca, um ideal
Um bicho na toca e o perigo por perto
Uma pedra, um punhal
Um olho desperto e um olho vazado
Léo" [1]
 

[1] Léo - Milton Nascimento, Chico Buarque

terça-feira, 6 de setembro de 2011

( . . . ) ou: Reminiscências

O Orwellianismo vigente no Brasil encobriu de “eufemismos redutores” alguns significados bastante exatos no passado.

Corrupção passou a ser malfeito.
Censura agora é “marco regulador da comunicação social - ordenamento jurídico que amplie (???) as possibilidades de livre expressão de pensamento e assegure o amplo acesso da população a todos os meios“.
Lobby passou a ser consultoria.
Clientelismo, coalizão.
Honestidade recebeu a pecha de “moralismo udenista”.
Mentira é… verdade.
"Intelequitual" passou a ser intelectual (porque chamar uns outros de intelectuais só porque escrevem umas "abobrinhas" carregadas de paralogismos para mídia pelega progressista é "forçar a barra").
Ignorância é inteligência. (Squid que o diga)
Astúcia é genialidade. (Idem acima)
(…)
Novilíngua ou Novafala é um idioma fictício criado pelo governo hiperautoritário na obra literária 1984, de George Orwell. A novilíngua era desenvolvida não pela criação de novas palavras, mas pela "condensação" e "remoção" delas ou de alguns de seus sentidos, com o objetivo de restringir o escopo do pensamento. Uma vez que as pessoas não pudessem se referir a algo, isso passa a não existir. Assim, por meio do controle sobre a linguagem, o governo seria capaz de controlar o pensamento das pessoas, impedindo que ideias indesejáveis viessem a surgir. (Fonte: Wikipédia).
(…)
Em 'O Triunfo dos Porcos' (Animal Farm), Orwell satirizava novamente a subversão da “utopia impossível” pelos astutos porcos Bola-de-Neve e Napoleão.
No Brasil é fácil ver tal confusão entre inteligência e astúcia quando chamam Squid de gênio. Carismático e astuto ao extremo SIM. Inteligente...?
Aliás, ele e o Zé me lembram muito Napoleon e Snowball do livro. É provável mesmo que um dia cumpram seu destino, mesmo tendo a traição como a marca final da relação entre os dois - ou até mesmo por isso. 
P.S. Ponha a barba de molho, quem não tiver barba.
Mas vamos à definição:
Astúcia s.f. Habilidade em enganar; ardil, manha, esperteza.
Sagacidade, finura, artifício.
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O mal da esquerdopatia é que ela oblitera o raciocínio. Ao pretender (to pretend in english means : fingir) anexar aos novos “revolucionários” (fabianos e/ou Gramncistas/Althusserianos) a mais nobre aura de intenções como, “uma sociedade mais igualitária, justa e mais fraterna” ( aí a utopia impossível nos termos do Marxismo), aufere também a eles o grau de elite da raça, acima das “pessoas comuns”. Paradoxo. Afinal, como entender o combate às elites e às diferenças se a priori os próprios signatários da igualdade consideram a si mesmos acima do resto? Ademais, como almejar uma sociedade justa e fraterna onde todo o mal teria sido extirpado se o meio para alcançá-la via de regra é pavimentado pela violência, pela mentira e difamação, no absolutismo e no cerceamento das liberdades? E mais, como confiar num código de ética e moral semelhante ao da Máfia? Vide as "vinte e uma condições do Comintern de 1920 e a vigésima segunda não formalmente escrita - segundo o líder socialista francês Paul Faure - que autorizava os bolcheviques a ignorar as outras 21, se lhes fosse conveniente"[1].  Parece que vale tudo!
Nesse pormenor não diferem muito dos fanáticos do Islã, que em tese podem TUDO desde que em nome da "causa".
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Numa tirinha de Schulz me delicio com a dúvida que parece nunca tê-los importunado (a todos). “Have you ever considered that you might be mistaken for all this time?”

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Como tantos outros, que seduzidos a princípio pela teoria revolucionária de Marx (embora nunca tenha sido um estudioso contumaz do assunto), também sucumbi posteriormente à realidade dos fatos. Mas ler ou não o 'Manifesto Comunista' de 1848 ou 'O Capital' teria feito alguma diferença? Definitivamente não, no meu caso. Afinal, entre 65 a 93 milhões de mortes nessas revoluções (sendo conservador e aderindo à estimativa de Nicholas Werth e Jean-Louis Margolin contrária aos 100 milhões defendidos no livro Le Livre noir du communisme, Éditions Robert Laffont, 1997 por Stéphane Courtois) suplantando qualquer outra vicissitude assassina da raça humana é contra-exemplo suficiente para desabonar a teoria. A menos que se queira vangloriar a socialização da censura, repressão e cerceamento da criatividade humana e o compartilhamento da miséria pelo povo à margem da plutocracia partidária (e o não acesso ao consumo, viu Marta Suplício?).

Mas isso não é exclusividade minha. Squid nunca leu nada e descobriu isso há muito tempo, quando vislumbrou que o discurso servia apenas como meio e não como compromisso após a conquista do objetivo. No mais, foi só trilhar o caminho do poder e usufruir das benesses acopladas ao posto. 

A diferença principal é que ainda sofro desse tal “moralismo udenista”, enquanto Squid tem a moral de um chimpanzé.
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Lord Acton sempre esteve certo: “O poder corrompe e o poder absoluto corrompe absolutamente”.
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Malgrado isso, outros tantos têm a compulsão natural ao fanatismo pela teoria errada, seja por um interesse pessoal intrínseco no sucesso da “causa” ou por fraqueza intelectual. Parece até que quanto mais errada uma teoria prova ser, mais fanáticos aparecerão para defendê-la, “até a morte”. Faz sentido. Afinal, quem sucumbe às explicações que refutam uma tese com provas e fatos e aceita que não há verdade absoluta é necessariamente NÃO-fanático. Só os outros embarcariam numa canoa furada mesmo confrontados com provas, inconsistências e realidades insopitáveis diante de sua convicção passional.
Foram não poucos os sonhadores sinceros que terminaram desiludidos, senão dizimados com esse canto da sereia do século passado. 
E os que ainda insistem em defender seja lá o que esteve encoberto mesmo depois de escancarado da maneira mais óbvia, permanecem no grupo dos fanáticos, incapazes de aceitar o erro ou o engano. Ai já seria mais caso para a psicanálise, ou, em algumas situações, caso de polícia. Porque é mesmo de um devaneio utópico que estão acometidos ou de um “mau-caratismo praticante”, de cuja esperança de cura os eximo, porque os primeiros serão sempre "inocentes úteis" enquanto os últimos, tendem a ser picaretas incuráveis.
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E todas as conclusões já estarão pautadas na novafala:
Liberdade é escravidão;
Inteligência é burrice.
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Sem receio de plagiar o Guru:
“Contra a extrema esquerda, contra a extrema direita e principalmente, contra o extremo centro.”[2]
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Por hora sou mais o racionalismo de Russell e o livre pensamento.
Fato é que deveríamos primeiro aprender a pensar, só isso pode nos separar de marionetes ou papagaios de piratas.
Mas em mar de peixe sem braço, quem tem muitos tentáculos é lula.

[1] Judt, Tony. Reflexões Sobre Um Século Esquecido 1901 - 2000. Rio de Janeiro: Editora Objetiva, 2008. p. 150.
[2] Millôr