domingo, 19 de outubro de 2014

Face da mentira

Considero-me tímido. Qualquer arremedo de extroversão é resultado de um esforço calculado, a um preço que às vezes vem somado dos juros da náusea e do arrependimento. Dai qualquer tentativa de aumentar a popularidade sair tão forçada... Claro, porque é forçada mesmo.

(...)

No mundo virtual não é diferente; aqui permaneço o mesmo. Como o Durango Kid do Toninho e Brant, "... hoje eu sou, o que eu fui. Não desmenti, o meu passado". Aliás, nessa idade seria no mínimo ridículo.
Tenho vergonha de avatares... vergonha alheia. Pois então nunca criei um meu. Se é pra ir, que vá "com casca e tudo" mesmo.
Também desconfio da perfeição. Aprendi há tempos que "de perto ninguém é normal". Além do mais, só de pensar em jogar pra platéia um monte de cacos de mim me dá arrepios.
Coloco-me então atrás do nome complicado desse blog só para exercer a megalomania e egolatria comuns à raça humana, da qual, tudo indica, sou também um espécime. Afinal de contas, todo mundo precisa de um pouco de atenção. Mas aqui com a vantagem de ser procurado, não empurrado goela abaixo. 
P.S. Grato aos meus 3 ou 4 bravos leitores.

Cá sou o demiurgo de mim mesmo, estabelecendo as regras de minha democracia no meu pedaço exclusivo da net, meu domínio(o nome faz todo o sentido. O domínio strategosaristides.com é mesmo meu. Comprei e paguei) : aqui falo o que quiser... e comentários (bons ou ruins) têm peso... só que igual a zero. Às vezes até massageiam o ego, noutras despertam a ira do superego, esse vaidoso arrogante metido a perfeitinho. Mas lembro-me logo depois que sou apenas um tolo, e dou de ombros. Além do mais, nunca entendi muito bem dessas complicações Freudianas. Nocauteio assim o superego todas as vezes que me vem com o impulso de inventar um avatarzinho no Face. Poupo o mundo das minhas tolices diárias. 

(...)

Confesso porém que sou um viciado em observar o Face, como um voyeur antropológico (eita pedantismo...) ou simplesmente mais um aficionado por revistas de fofocas e outras idiotices afins. Mas não tenho orgulho disso, é só uma fraqueza, como torcer para o Cruzeiro ou gostar de Campari. 
Nessa época de eleição, porém, a barra tava ficando pesada demais. Perdia minutos rolando a barra de feeds até poder ver uma postagenzinha leve como o selfie de uma festa, o lugar de uma viagem, uma filosofada boba com ar de profundidade, essas amenidades que de certa forma divertem ao invés de cansar. 
Até que descobri a opção 'deixar de seguir...'. Pronto! Salvo do proselitismo político chulo engendrado antes pelos think tanks manipuladores de inocentes úteis, os discursos sem lógica, apócrifos de todas as cepas, dados falsos, argumentos de autoridade de gente tão idônea e imparcial quanto guerreiros do povo brasileiro. É muita "luta" pra quem quer só passar incólume sendo um canalha a menos na face da terra. 

Mas o primarismo do maniqueísmo forçado do bem e mal, direita e esquerda, mais os argumentos diversos que leio, ainda continuam de matar. Vão lá os avatares a vociferar sua bondade, intelecto, cultura, engajamento e já me dá um nó no estômago.
Nesse ritmo, acabo ficando sem um único "amigo" pra seguir no Face e terei de suprir minha fraqueza inglória assinando a revista Caras.