Li em algum lugar referência à reportagem “A tomografia da fita crepe”, cuja fonte era uma tal 'Carta Maior'. Fui eu então dar uma olhada, não pelo episódio da fita crepe, irrelevante e tão banal quanto as campanhas dos candidatos, mas pela fragilidade/banalidade do argumento. Queria entender a fonte.
Pensei que tivesse visto tudo na vida. Estava errado. Essa tal Carta maior é um blog chapa branca péssimo. Chapa branca mesmo, a começar pelo patrocínio da Petrobras... do PT.
Reescrevem a história a bel-prazer (não a da fita crepe, isso é babaquice. A História, com H, em outros artigos do blog). Isso é que nem interpretação da bíblia pelos pastores das igrejas picaretas. Há sempre uma versão/interpretação a favor do fim que se almeja.
Na matéria 'Jornalista é demitido por fazer matéria sobre marxismo', exaltam o marxismo esquecendo por inteiro a história (com H) do século passado e todos os side effects dos totalitarismos de esquerda que varreram a Europa oriental e findaram todos (vejam vocês, eram bons demais) até 1989.
Alguém ai já leu Tony Judt? Por acaso sabem o que foi o Holodomor e o Grande Expurgo? Gulags, sabem o que eram? Conhecem por acaso no que se transformaram a Tchecoslováquia, a Polônia, a Romênia, Ucrânia, a Hungria, durante a famosa ditadura do proletariado de um partido único cujo clero despachava de Moscou? Tudo bem, a URSS combateu o nazismo de Hitler e "libertou" alguns países invadidos. Outros foram anexados no pós-guerra ("no imediato pós-guerra, o socialismo foi associado diretamente à causa da libertação nacional e, muito por influência da União Soviética, os partidos comunistas chegaram ao poder nos governos locais. Em alguns deles houve um golpe de Estado para que isso ocorresse, como na Romênia e na Polônia. Em outros, porém, a adesão ao socialismo foi espontânea e democrática (como na Tchecoslováquia, onde o PC local tinha votos de 40% do eleitorado). Além disso, os três países bálticos (Letônia, Estônia e Lituânia) foram anexados à URSS como repúblicas socialistas soviéticas". Fonte: Wikipédia).
Mas lembrem-se, Stalin não era melhor que seu "antípoda" alemão. Em termos de genocídio, o Holodomor (a Grande Fome da Ucrânia) só não teve os campos de concentração nominados. No resto, fez o mesmo estrago. Milhões de mortes, por inanição, fome. Na primavera de 1933, na Ucrânia, morriam de fome 17 pessoas por minuto, 1000 por hora, quase 25000 por dia…Óbvio, sem que o ocidente tomasse conhecimento disso. A imprensa era chapa branca, do partido, e todos, todos que não fossem a favor iam para a "fogueira da inquisição" do Grande Expurgo, que também matou outros milhares de pessoas. Livrar-se de Hitler podia significar deparar-se com Stalin ("se correr o bicho pega, se ficar o bicho come"). Liberdade???
Sabiam que o pressuposto de Lenin ao romper com a antiga Internacional Socialista foi centralizar as organizações revolucionárias conforme o modelo bolchevique recebendo instruções de Moscou? Que o Comintern de 1920 e suas 21 condições encerrava uma 22a não formalmente escrita - segundo o líder socialista francês Paul Faure - que autorizava os bolcheviques a ignorar as outras 21, se lhes fosse conveniente? AI5 vermelho. Isto é história meu caro. Contada aos quatro ventos, na Internet e em milhares de fontes. Pode pesquisar. Pesquise bastante, de mente aberta. Analise. Nunca parta de um pressuposto e só ache os argumentos pra justificá-lo. Pesquise, pesquise mesmo, várias fontes, autores... Só depois conclua.
O único lugar onde a história pode ser reescrita (para atingir seus objetivos) é em blogs e publicações como essa tal Carta Maior. Maior???
"Perá lá psiu". A tal Carta Maior festeja a censura da imprensa e diz que a "grande imprensa" é golpista. Leia-se grande imprensa como "todos eles atravancando meu caminho", pequeno ou grande. Tamanho aqui não é documento. "Não está comigo está contra mim".
No resto do blog só panfletagem, nada de reportagem. Isso não é imprensa. Nunca foi. Serve de alimento só para os radicais amestrados. Isso é o caminho para o inferno e, já vimos essa história.
Aliás, vão estudar a história do Século passado e parem de ler esse lixo.
Caso continuem, correm o risco de acreditar que Squid subiu no Monte Pascoal e recebeu 'Dele' os 10 madamentos petistas para a felicidade do "polvo" brasileiro. Ladeado por Dirceu, Dilma e outros xiitas do partido, apareceu depois nas ruas numa bruma (de Avalon) encantada e desatou a fazer milagres. Foi ele que fez tudo. O Saci Pererê, foi ele quem inventou. O coelho da páscoa também. Inventou até a felicidade.
...E todos viveram felizes para sempre...
PQP, 101.590.153 destinaram seu voto a um dos candidatos à presidência da República no primeiro turno, sendo estes votos considerados válidos. Deu segundo turno.
Sou brasileiro, juntamente com os outros 53.936.129 brasileiros que NÃO votaram no discurso oficial, 53,09% dos votos acima.
Nós só queremos continuar a ter o direito da escolha, plural. Teve Dilma, Serra, Marina, Plínio, Eymael, Zé Maria, Levy, Ivan Pinheiro e Rui Costa. Muitos partidos. Democracia.
Me preocupa gente instruída que ainda acredita nessa baboseira sem estudo ou questionamento.
Para eles um recado: caso vejam a mula sem cabeça por ai, mandem saudações minhas. Para o coelho da páscoa não precisa, falei com ele ontem. Não vou falar do Papai Noel porque isso é "invenção burguesa estadunidense".
No hope...
Elucubrações de um caminhante mineiro em terras desconhecidas (e conhecidas também). Cai dentro e descobre...
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quarta-feira, 27 de outubro de 2010
domingo, 12 de setembro de 2010
Ética??? Ideologia???
A volúpia política atual enterrou de vez qualquer traço ético/ideológico das campanhas eleitorais. Já não faz sentido algum associar um partido a um ideário; e o "partidão" é sem dúvida o melhor exemplo disso.
Marco Antonio Villa, professor de história da Universidade Federal de São Carlos e autor de "Jango, um Perfil (1945-1964)" (editora Globo), previu isso em ensaio publicado na Folha em 22 de Março de 2005:
“A classe operária não foi para o paraíso, mas os líderes petistas foram. E como. Agora transitam com intimidade entre a plutocracia tupiniquim.
A história do PT incomoda o PT. Enquanto os velhos militantes abandonam o partido, os oportunistas preenchem com avidez as fichas de filiação. Não precisam mais da história ou de qualquer justificativa ideológica. A adesão é pragmática: querem cargos, poder e, se possível, alguma sinecura”.
A história do PT incomoda o PT. Enquanto os velhos militantes abandonam o partido, os oportunistas preenchem com avidez as fichas de filiação. Não precisam mais da história ou de qualquer justificativa ideológica. A adesão é pragmática: querem cargos, poder e, se possível, alguma sinecura”.
Um antigo professor de Sociologia dos meus tempos de Newton Paiva, fundador do PT (Obs. : deixou o partido na década de 90, como qualquer "intelectual" fabiano que se preze), disse, também, o seguinte:
“Minha tese é que possivelmente estamos vendo a substituição de uma geração excessivamente racional em nossa política nacional. Por conta do lulismo, a oposição só terá vez se for mais emocional, sanguínea, articulando projetos ousados e simples (não um rosário de proposta, mas uma idéia-força) que atraia a nova classe média e dê esperanças concretas que quem está na base da pirâmide social sairá em breve desta condição. Temas da agenda udenista só atraem a classe média tradicional. Nem os mais abastados se preocupam efetivamente com estes temas moralistas. O Brasil mudou e a oposição parece que não percebeu isto.
Que fique claro: precisamos urgentemente de uma oposição forte e popular no Brasil. Caso contrário, o neo-getulismo cumprirá o que o getulismo não conseguiu finalizar.” Rudá Ricci, Sociólogo, Mestre em Ciências Políticas e Doutor em Ciências Sociais.
Que fique claro: precisamos urgentemente de uma oposição forte e popular no Brasil. Caso contrário, o neo-getulismo cumprirá o que o getulismo não conseguiu finalizar.” Rudá Ricci, Sociólogo, Mestre em Ciências Políticas e Doutor em Ciências Sociais.
Pragmático por excelência, até porque sua amplitude intelectual/ideária é circunscrita apenas a seu próprio carisma (nunca ouviu falar de qualquer coisa que demande estudo ou leitura), sua excelência - a cereja, quero dizer, a estrela do partido - é um exemplo da promiscuidade política atual.
Atrelado a um projeto cego de perpetuação no poder e adepto descuidado de Maquiavel (nunca leu “O Príncipe”, though), mutila e despreza a constituição, desdenha leis e instituições, justifica os meios citando os fins.
Pobre de quem cruza seu caminho, será inevitavelmente vítima do aparelhamento e corporativismo partidário da república e da máquina estatal. Terá de levantar a voz solitária e quixotescamente, e esperar ser ouvido em meio à adulteração de provas, invenção de documentos, bodes expiatórios, desaparecimento de fitas de vídeos dos sistemas de segurança, "togas amigas" e mentiras... Muitas mentiras.
Pobre de quem cruza seu caminho, será inevitavelmente vítima do aparelhamento e corporativismo partidário da república e da máquina estatal. Terá de levantar a voz solitária e quixotescamente, e esperar ser ouvido em meio à adulteração de provas, invenção de documentos, bodes expiatórios, desaparecimento de fitas de vídeos dos sistemas de segurança, "togas amigas" e mentiras... Muitas mentiras.
Não me lembro na história recente de nenhum presidente / cabo eleitoral mais eficiente que squid. E o projeto é ambicioso: de cima de sua indefectível popularidade, empresta sua cara a candidatos ao Senado (onde provavelmente fará maioria eliminando os opositores de hoje) e aos Governos Estaduais. Proporciona negociatas políticas das mais improváveis, se olhássemos o partidão de 30 anos atrás: apoia Collor em Alagoas, Sarney no Maranhão, Renan Calheiros ao Senado por Alagoas e Waldez Góes pelo Amapá. Esse... esse mesmo que foi preso na Sexta-Feira (10) na Operação Mãos Limpas da PF.
Claro que a tropa de choque cuidará de eliminar os vestígios de mais esse percalço. No final, pode até ser que Waldez receba indulto e retratação pública pelo reles desvio de mais de 300 milhões. (Do PC pra cá as cifras foram sendo banalizadas. Nesse ritmo, antevejo para breve cifras na casa dos trilhões saudadas pela especializada corrupção nacional).
No entanto, isso deveria ser suficiente para qualquer pessoa de bem reconsiderar o lulismo, ou pelo menos pesquisar, questionar e muito provavelmente abandonar a nau cheia de ratos. Afinal, todos nós (falo de nós, pobres mortais, eu e provavelmente você. Tire a maioria dos políticos fora disso) sabemos o que é honestidade.
No entanto, isso deveria ser suficiente para qualquer pessoa de bem reconsiderar o lulismo, ou pelo menos pesquisar, questionar e muito provavelmente abandonar a nau cheia de ratos. Afinal, todos nós (falo de nós, pobres mortais, eu e provavelmente você. Tire a maioria dos políticos fora disso) sabemos o que é honestidade.
Quer uma prova? Imagine uma carteira recheada com notas de cem - com a identidade e o endereço do proprietário - caída na rua. Seria honesto apropriar-se do conteúdo de valor??? Agora imagine que foi VOCÊ quem perdeu a carteira!!!
É... Todos nós sabemos o que é honestidade.
(...)
O lulismo só ainda não conseguiu ser pior que a oposição atual. Essa vence qualquer concurso de incompetência, e não dá pra enumerar quantas trapalhadas são capazes de fazer.
Mas continua a me incomodar que gente boa ainda tente justificar toda essa sujeira. Não sei se depois de traídos pelo partidão transformaram-se em sectários (e ai não há necessidade de justificação, é mais uma profissão de fé... Usem Tiago em 2.21,24,25 e juntem-se aos pastores das igrejas picaretas. Todas!), ou se estão apenas à espera de alguma sinecura. Mas é preocupante que gente pensante - que deveria pensar - apenas trate política como um jogo de futebol, onde derrotar o adversário é o fim em si mesmo.
Não se trata da situação e dos contras, todavia. Não deveria ser tão simples. Trata-se de para onde queremos ir depois de tudo isso.
Não se trata da situação e dos contras, todavia. Não deveria ser tão simples. Trata-se de para onde queremos ir depois de tudo isso.
Ou viramos todos pragmáticos, ignorantes, sem ética ou ideal, ou exigimos algo mais.
Cito Hannah Arendt como mais um argumento de autoridade:
“(...) O maior perigo de reconhecer o totalitarismo como a maldição do século* seria a obsessão por ele, a ponto de gerar cegueira em relação aos numerosos males menores e não tão menores assim que pavimentam o caminho para o inferno.” Essays in Understanding, p.271-72
Pra terminar provoco com uma pergunta: se os fins justificam os meios, o que exatamente justifica os fins???
Pensem...pensem...
Pensem...pensem...
*Século passado (NA).
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