segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Homenagem à irrelevância

Dedico essa à Surita e Rosário, pelo rosário de irrelevâncias que fazem seus nomes saírem da obscuridade para os holofotes das bizarrices.

Talvez a genialidade de Guinga e Nei Lopes nunca sejam compreendidas pelas homenageadas... porém.

Fox e trote
(Guinga e Nei Lopes)
 

Estranha ligação, tão descabida!
Que coisa sem razão e sem medida!
Igual a jazz ou atonais
Sons de Debussy
Num mocotó ou num forró
em Paracambi.
Municipal, um recital 

e eu de calça Lee...
Foi como o Miles Davis, doido no carnaval,
tocando no Orfeão Portugal.

Estranha ligação, tão descabida!
Que coisa sem razão e sem medida!
Como orações pentecostais
louvando Zumbi
Como freeways monumentais pra daqui ali
ou certas leis que o homem faz
pra não se cumprir

Foi como um trio elétrico em um funeral
mandando funk, rap geral
Golpe de azar, sina de estar num mau lugar
na hora errada,
Eu que pensei mais uma vez que essa era dez 

Que dez que nada!

Estranha ligação, tão descabida!
Que coisa sem razão e sem medida!
Igual a jazz ou atonais
Sons de Debussy
Como orações pentecostais
Louvando Zumbi
Municipal, um recital e eu de calça lee...
Foi como um trio elétrico descendo o Pelô
desrespeitando Dona Canô
Golpe de azar, sina de estar num mau lugar
na hora errada,
Eu que pensei mais uma vez que essa era dez

Que dez que nada!
Meu peito de aço inox,
de Dom Quixote
dançou no fim do fox:
Levei um trote.

sábado, 24 de dezembro de 2011

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Pau é pau, pedra é pedra. Pelo menos lá na minha terra.

Normalmente me curvo à lógica, argumentação, provas.
Leio ambos os lados, embora estilisticamente pra mim só haja um: o bom. O ruim... é ruim demais para o meu gosto.
Como qualquer outro, já acreditei em quem não devia, supondo imparcialidade científica da fonte, endossada por cátedras. Até topei com alguns pela vida, e não eram assim, até onde me lembro. Pareciam mesmo fiéis ao método científico.
Porém, agora acompanho decepcionado o estratagema soft que alguns utilizam através do simulacro de imparcialidade travestida de erudição acadêmica, quando na verdade, são nada mais que peças e agentes de uma estratégia muito bem definida, formalizada por Gramsci e alguns outros. Dissimulam, emulam quem não são.
Em suma, são cientificamente falsos. Cabe como exemplo o que disse o Paulo Briguet num artigo: "A luta de classes, conceito tão científico quanto a existência do boitatá..."
Da Wikipédia: O método científico é um conjunto de regras básicas de como se deve proceder a fim de produzir conhecimento dito científico, quer seja este um novo conhecimento quer seja este fruto de uma integração, correção (evolução) ou expansão da área de abrangência de conhecimentos pré-existentes. Na maioria das disciplinas científicas consiste em juntar evidências empíricas verificáveis - baseadas na observação sistemática e controlada, geralmente resultantes de experiências ou pesquisa de campo - e analisá-las com o uso da lógica. Para muitos autores o método científico nada mais é do que a lógica aplicada à ciência.

Chamam de "moralismo udenista" hoje o que outrora estamparam como bandeira (leiam mais abaixo o pronunciamento do J. Vasconcelos no Senado em 05/09/2011). Isso por si só já desabonaria sua opinião, mas vai além, decreta o relativismo oportunista que pode, pela mais absoluta hegemonia, acabar virando lei.
Não sou sociólogo, quis foi ser matemático... e terminei analista de sistemas. Método científico pra mim é o esteio, o caminho da verdade. Qualquer outra coisa no mais das vezes termina em embuste.

Mas há uma turma ai enroscada em benesses, seja por meio de ONGs - cujo valor real dos projetos não "bate" com o valor monetário dos convênios -, seja por patrocínios de estatais ou perdão de dívidas milionárias no BNDES. São bons mesmo é em marketing e propaganda.
A caixa financia uns tantos, enquanto do outro lado (da caixa) desaparece quase 1 bilhão em misteriosa "falha" de sistema (e olha que disso entendo um pouquinho. Aqui ohhhh!!!).
Uns indicam os outros, são uma famiglia.
Parafraseando o PhA, seja lá o que disserem, duvide, grite seis, faça o contrário. Há menos chance assim de cair no engôdo. É só "boquete ideológico", como diria o Millôr.
Já eu, vou além (sou menos polido): 69 descarado mesmo, e nem sempre entre gêneros diferentes.

"E eu acreditei...", invocando o Alvarenga do Jô no Viva o Gordo de 87 (acho). "Eu me odeio"...

Vide abaixo um pronunciamento do Jarbas no site do Senado. É a cosa nostra ou não é?
Autor Jarbas Vasconcelos (PMDB - Partido do Movimento Democrático Brasileiro /PE)
Data 05/09/2011 Casa Senado Federal Tipo Discurso


O SR. JARBAS VASCONCELOS (Bloco/PMDB – PE. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Obrigado, Presidente.
Srª Presidente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, se existe um partido político no Brasil que teve seu crescimento fortemente ligado à liberdade de imprensa, esse foi o Partido dos Trabalhadores. O mesmo se aplica à trajetória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Então, Srª Presidente, qual a razão de ambos insistirem em criticar a imprensa, ameaçando com a imposição de regras que visam tão somente impedir que os jornalistas exerçam o seu papel democrático de fiscalizar, denunciar e defender os interesses da maioria da sociedade?
Não queremos uma imprensa governista. Já basta a cooptação que o Governo fez com os chamados “movimentos sociais”, que viraram meros apêndices do PT.
Toda vez que algum malfeito petista aparece nas páginas dos jornais e das revistas, a cúpula do PT se apressa em ressuscitar o chamado “marco regulatório da mídia”, nome pomposo para um verdadeiro tribunal inquisidor da comunicação que os petistas querem implantar no Brasil.
Pela lógica do Partido dos Trabalhadores, quem deixar de rezar pela cartilha vai ser jogado na fogueira do autoritarismo petista, disfarçado de progressista e democrático. “A imprensa é golpista”, dizem os petistas, mas golpista era o PT quando estava na oposição e ia às ruas pregar o “fora FHC”. Certo estava Leonel Brizola, de saudosa memória, quando dizia que o PT era a “UDN de macacão”.
Desta vez, a chantagem petista decorre da reportagem que a revista Veja publicou na semana passada, revelando que o ex-ministro José Dirceu montou um escritório informal em um hotel aqui de Brasília para receber ministros, deputados, senadores e dirigentes de estatais, como o presidente da Petrobras. Uma variedade impressionante de “audiências”, funcionando, na prática, como um anexo da Casa Civil da Presidência da República, Casa Civil, inclusive, de onde já tinha sido expulso anteriormente José Dirceu.
Trata-se, nunca é bom esquecer, Srª Presidente, do mesmo ex-ministro que o procurador-geral da República acusou de ser o “chefe de uma sofisticada organização criminosa” no processo do chamado “mensalão”.
O ex-ministro ficou indignado e acusou a revista de espionagem. O fato é que José Dirceu prefere agir – como sempre o fez – nas sombras, incógnito, disfarçado, quase um personagem de filmes de espionagem ou um gângster, agora exercendo o papel bem remunerado de “consultor-geral da República”. Felizmente, Srªs Senadoras, Srs. Senadores, esse tipo de comportamento não combina mais com o Brasil dos tempos atuais. Também não combina com o Brasil do presente, Srªs Senadoras e Srs. Senadores, qualquer tentativa de cercear a liberdade de imprensa. Existem instrumentos disponíveis para que eventuais excessos e equívocos sejam punidos devidamente.
É preferível uma imprensa cometendo excessos, e buscando reparar seus próprios erros, do que uma imprensa tutelada pelo poderoso de plantão.
Já baste o que denunciou recentemente a Associação Nacional dos Jornais (ANJ), que mostrou um aumento nos casos de assassinatos de jornalistas no Brasil.
De agosto de 2010 a agosto deste ano, foram registradas cinco mortes em que há indícios de ligação com a atividade profissional. No relatório anterior da entidade, que abrangeu um período de dois anos, foi registrado apenas um homicídio, e por motivos não relacionados ao exercício da profissão.
Outra questão bastante grave, para a qual chamo a atenção do Plenário, é a expansão das censuras impostas a veículos de comunicação. Nos últimos doze meses, foram 12 casos contra 19, nos dois anos anteriores. A maior parte das decisões de censura da imprensa partiu justamente do Poder Judiciário.
O caso mais exemplar é o do jornal O Estado de S. Paulo, que há 766 dias foi proibido, por um desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal, de publicar qualquer informação sobre o envolvimento do empresário Fernando Sarney em acusações de tráfico de influência no âmbito do Governo Federal, caso investigado pela Polícia Federal na “Operação Faktor”.
Srªs e Srs. Senadores, se absurdos como esses acontecem agora, há de se imaginar os riscos que corremos, caso o tal “marco regulatório” do PT seja aprovado. Teremos um Brasil no qual os aliados do Governo serão tratados de forma diferenciada, pois não são “pessoas comuns”, para usar a expressão do próprio Lula em relação ao Senador José Sarney.
O Presidente Nacional do PT, Rui Falcão, disse ontem que vai fazer uma campanha para pressionar o Congresso Nacional a aprovar uma proposta de regulamentação da mídia.
Quero aqui afirmar que vão encontrar em mim um adversário ferrenho de qualquer proposta que pretenda limitar a liberdade de imprensa, um dos pilares da democracia. Se os petistas querem ver os jornalistas censurados, aconselho a visitar seus amigos ditadores da Venezuela, do Equador ou de Cuba.
Era o que tinha a dizer, Srª Presidente.

domingo, 18 de dezembro de 2011

Há mais "yorks" entre o céu e a terra do que sonha a nossa vã filosofia

Da Folha.com:
18/12/2011 - 13h52

Suspeita de fraude na Caixa pode causar perda de R$ 1 bi

DE SÃO PAULO
A Caixa Econômica Federal está no centro de uma série de transações financeiras suspeitas que podem gerar perdas de R$ 1 bilhão para os cofres públicos, informa reportagem de Natuza Nery, Dimmi Amora e Rubens Valente, publicada na Folha deste domingo (a íntegra está disponível para assinantes do jornal e do UOL, empresa controlada pelo Grupo Folha, que edita a Folha).
Graças a uma omissão misteriosa ocorrida na própria Caixa, uma corretora carioca chamada Tetto vendeu papéis da dívida pública de baixo ou nenhum valor por preços acima do mercado.
Planalto tenta conter disputa de partidos aliados na Caixa
Entre os compradores, há empresas e pelo menos um fundo de pensão estatal.
No período em que foram realizadas as transações, de setembro de 2008 a agosto de 2009, o sistema de informática da Caixa responsável por informações relativas aos papéis ficou fora do ar.
O banco público classificou a pane como "erro", atribuindo-o a uma empresa de informática terceirizada.
O que sumiu do sistema correspondia a R$ 1 bilhão que deveria ser descontado do valor dos papéis.

Arte/Folhapress
GATO POR LEBRE Como uma pane nos computadores da Caixa ajudou uma corretora do Rio a fazer negócios com papéis que não valiam nada

OUTRO LADO
A Gestora de Recebíveis Tetto, que comercializou créditos imobiliários de baixo ou nenhum valor no mercado, atribuiu os problemas dos papéis à Caixa Econômica Federal. A empresa disse que obedece "às autoridades envolvidas, inclusive a Caixa e suas informações".
E complementa: "Se houvesse erro, não seríamos capazes de emitir os créditos. E nós não acreditamos que uma instituição idônea como a Caixa tenha cometido erros ao fornecer uma informação que nos levasse a esse tipo de situação".
A Caixa informou, por meio de sua assessoria, que instaurou sindicância para apurar o que chama de erro provocado pela empresa que presta serviços de informática. Também iniciou processo interno para punir os eventuais responsáveis.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Nem tudo que reluz ... dá em Francisco

Alguns tiveram verdadeira “ereção” ideológica quando do lançamento do livro do Amaury Ribeiro Jr., ‘A Privataria Tucana’.
Não usarei aqui do sujo argumento ad hominem para desqualificar o livro falando do caráter do autor (embora pessoalmente leve esse aspecto moral em conta, confesso, tanto quanto que Ricardo Amaral era assessor da campanha de Dilma e ex-funcionário da Casa Civil e escreveu ‘A Vida quer é coragem’. Porém, lerei ambos, pois não sou ideologicamente encabrestado), porque se existem fatos, e isso ainda não sei, contra eles não deveriam haver argumentos. Sejam eles quais forem.

Não obstante, para qualquer pessoa que não esteja sob a hipnose do espectro ideológico (eu não acredito em duendes... nem na Marilena Chauí), fatos têm que vir com comprovação. “Nem tudo que reluz é ouro” mas “pau que dá em Chico dá em Francisco” - ou pelo menos deveria. O livro tem que ser lido mas os fatos - mais importante -, comprovados.

Escândalos que até hoje deram em nada tais como o mensalão, Renan Calheiros, atos secretos, Erenice Guerra, Agnelo, Palocci, Alfredo Nascimento, Wagner Rossi, Pedro Novais, Orlando, Luppi e agora Pimentel, só para citar alguns porque a lista é grande, tiveram comprovação suficiente pra encarcerar todos os envolvidos. Pelo menos “quando eu era criança pequena lá em Barbacena” isso tudo era roubo. Caso fosse comigo ou com você, seríamos hoje, provavelmente, companheiros de cela. Todavia, para um Sarney, para um Zé Dirceu, etc., isso parece ser nada mais que uma “intercorrência”, algo como uma infecção intestinal depois de umas ostras suspeitas na praia. Esses tais continuam passeando por ai fantasiados de intelectuais ou heróis do povo brasileiro, embora não convençam nem meu cachorro york. Só esperam a poeira baixar e reconstroem a história como o Ministério da Verdade de Orwell. Como diria Groucho Marx, “include me out" of this.

Como a tática atual é só a da manutenção no poder - avalizada pelo caráter de torcidas organizadas dos ditos “militantes engajados” -, subjugar o adversário custe o que custar traz a sujeira à tona, tornando as maracutaias dos bastidores do poder “quase” públicas.
Eu cá acho isso ÓTIMO. Poderia até mesmo citar um artigo brilhante do tão odiado Mainardi (outra tolice esquerdista. Gostar não precisa... mas querer calar, matar é demais, ou você prefere o estilo de um PH, um Emir Sader, um Quartim de Moraes? Eu até leio, mas entre um e outros, nem preciso dizer qual sabe escrever e quais não sabem), onde então discorria sobre os escândalos Collor, Pitta/Maluf, lembrando que o estopim fora sempre uma briga doméstica e, só assim, nós, pobres mortais, ficávamos sabendo das coisas. Eu quero mesmo é saber o que os donos do país, das “capitanias hereditárias” do erário público andam fazendo com o meu dinheiro, esse sim, conquistado sem nenhum pistolão, jeitinho ou ajuda alheia.
Se pra isso vir a público dependemos da ira oportunista de alguns Robertos Jeffersons, Francenildos, PMs putos com a pequena fatia do butim, realmente não interessa. “Faça-se a luz...” Sé é isso é que é o “PiG”, eu quero é ver todos os porcos desse chiqueiro!

No passado, um tal Zé D. teve lá sua função: era o MAIOR achador de “caca” e criador de CPIs contra a corrupção no país, com fartura de documentação (se verdadeira ou falsa, só Deus sabe). Agora a mesma esquerdopatia que achava aquilo lindo chama isso de “moralismo udenista”. Pior, está engalfinhada até o pescoço nesse mar de lama.
Meu Deus!?!? Que lógica é essa?

Quando se trata de uma torcida, como a do meu famigerado galo, é claro o traço de irracionalidade. Aliás, você consideraria alguém que continuasse torcendo para um time depois de um humilhante 6 x 1 para o arqui-rival em seu juízo perfeito?
Pois é. Mas futebol é fanatismo mesmo, e eu sou é galo sim meu irmão!!! Nem vem que não tem!
Mas com política?!?!

Olhem aqui, vala comum para os picaretas comprovadamente pegos em maracutaias de “consultorias”, ONGs ou malversação aberta mesmo. “Pau que dá em Chico tem que dá em Francisco”.
Querem ter orgasmo com a revelação de escândalos do outro lado (por que não estou surpreso?), sem problema. É legítimo.
Mas só uma observação: quando for contra os “cumpanheros” continua sendo “moralismo udenista”??? Só vale se for contra inimigos?

Vou pedir uma coisa: COERÊNCIA!!! É pedir demais???
A m... feita por alguém não pode ser justificada pela m... feita pelo oponente. Até onde sei, existem leis, ou não? A justiça deveria ser cega (imparcial) e atemporal. Que me conste a roubalheira feita por um não serve de jurisprudência ou súmula vinculante para justificar a roubalheira feita por outro. Se for assim, definitivamente estamos “quase” chegando ao fundo do poço.
Esse relativismo moral utilizado como substrato do fanatismo ideológico é coisa de fdp mal intencionado, otário, ou inocente útil.
Querem se regozijar ao ler ‘A Privataria Tucana’, ‘A vida quer é coragem’? Nada mais natural.
Mas leiam também ‘O Que Sei de Lula’, ‘O País dos Petralhas’ e parem com essa subjetividade de julgar somente sob o crivo de sua coloração ideológica. Essa lógica é de matar. Tão irracional quanto torcer para um time de futebol, mas com muito mais riscos, a posteriori.
É com essa espécie de fanatismo que o homem sempre pavimentou o caminho para o inferno, como dizia Hannah Arendt acerca dos regimes totalitários.

Caso o tucanato tenha mesmo feito a “privataria”, cadeia neles. DESDE que sejam companheiros de cela de Zé D., Delúbio, Palocci, R. Calheiros, Sir Ney, Erenice War, Agnelo, Alfred Nascimento, W. Rossi, P. Novais, Orlando, Luppi... numa prisão de segurança máxima, devidamente segregados dos Nens, Fernandinhos Beira-Mar, Marcolas e sem direito a visitas de ex-presidentes, presidentes de estatais, Ministros de Estado, executivos de empresas privadas, etc.
Essa turma conspirando junta não daria boa coisa e nós já levamos “fumo” suficiente deixando pelo menos um terço de tudo o que produzimos e ganhamos nas mãos dessa trupe de iluminados.
Parafraseando o Prof. Raimundo do Chico: “e a saúde, ohhhh!?!? E a segurança, ohhhh!?!? E o transporte público, ohhhh!?!?”

P.S.  Entendo que haja um preço a pagar pela democracia, ainda o melhor regime que temos (vide frase de Churchill abaixo). Todavia, a independência entre poderes deveria garantir o espírito republicano como o fiel da balança no caso de desmandos de um poder, isoladamente.
Preocupante que tudo pareça ter virado o mesmo "balaio de gatos", com esse aparelhamento partidário. É contra isso que deveríamos insurgir. Nas urnas.
O dia em que o tal “PiG” inventado pelo PHA acabar então, acabou-se a contraposição de forças. Porque 'A Teoria da Propaganda de Chomsky e Herman' continuaria a valer, só que de forma hegemônica, só pra eles. Nunca mais uma notícia contrária, só panegíricos, auto-homenagens, ainda que tão falsas quanto a torpeza da política atual.
Já não temos oposição, agora ser informado apenas pelas “imparciais” carta capital, carta maior, outras cartas e a língua afinada do PH é sem dúvida o pior dos mundos.
Pelo menos pra mim, que não me submeto à catequese ideológica.

Lembrem-se caros: “pau que dá em chico, dá em Francisco.”

Ninguém pretende que a democracia seja perfeita ou sem defeito. Tem-se dito que a democracia é a pior forma de governo, salvo todas as demais formas que têm sido experimentadas de tempos em tempos.
Winston Churchill

"A democracia muitas vezes significa o poder nas mãos de uma maioria incompetente."
George Bernard Shaw

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Revolução

A multidão o perseguia desde a praça do Gonçalo, onde alguém vislumbrara seu disfarce gritando:
-  É ele… é ele.
Após desvencilhar-se do algoz delator, descambou pelo beco das irmãs como um caminhão sem freio. Tomou a proa rumo ao rio e teimou decidido até ouvir novamente o rugido da massa enlouquecida saída do beco, que como um rebenque impeliu-o a pular a cerca das terras de Zé Balaio e embrenhar-se desnorteado pelo mato. Desejou num átimo ser um camaleão, ter o poder de camuflar-se; mimetizado em pequizeiro, poderia até deixar passar a sanha de linchadores e fugir seguro, após aquele deslizamento de gente. Apenas um devaneio de segundos, interrompido pela realidade física do flagelo impingido ora pela faca do capim ora pelo chicote das árvores do cerrado a esticarem os galhos como pequenas foices. Aroeiras, braúnas, cagaitas, buritis, lobeiras, juremas, todas impondo-lhe lanhos na pele, sulcos paralelos, transversais, pequenos regatos de sangue fazendo as vezes da pintura de guerra dos botocudos, outrora os grandes guerreiros da região. Praguejou contra todas as ramagens a açoitá-lo, até contra os ipês que outrora defendera da ignorância local corrompida pelo dinheiro das energéticas, agora nada mais que muralhas vivas surgidas do nada e postadas em seu caminho como os zagueiros das peladas na sementeira, autores descuidados do quadro de cicatrizes na canela que contavam algumas das histórias de sua infância no morro da viúva. Ingratos, mesmo com suas flores amarelas, roxas, a embargarem sua fuga sem dar-lhe o direito à voz. Tudo em vão. A natureza também parecia ter-lhe selado a sentença, ou talvez, como a maioria da alcatéia humana que o perseguia, fora corrompida pelo conluio do medo e da manipulação. Delirava até, sob as agruras da fuga. Mas antes de perder-se, absolveu a natureza, mesmo antes que tivesse novamente razão para revolta quando o mundo pareceu fechar-se naquele desfiladeiro à esquerda, onde ele, como Crasso, ainda acabaria emboscado ao sabor da sanha de pontapés, murros e pedras dos agora inimigos. 
Guiado aleatoriamente pelas possibilidades do terreno, apenas tentava distanciar-se sem pensar daquele latido intermitente dos cães humanos em seu encalço. Tomara, todavia, o pior caminho. Porém, a tarde já velha ainda deu-lhe, por instantes, a esperança de lograr a fuga, na cegueira escura da noite. Mas não era para ser. Subitamente, foi abalroado em seu tropel por mais um choque, algo ou alguém lançado contra seu corpo vindo sei lá de onde. Descarrilaram, ambos, morro abaixo num amontoado de mãos, socos e safanões rolando sobre si mesmos como uma roldana louca que terminaria desvencilhando-se à beira do barranco, a um metro da água do Fanado. Sentia-se moído, quebrado, como se não fosse mais possível equilibrar-se de pé. E não era. Notou, desoladamente, antes pelo desenho do osso quebrado proeminente sob a pele da perna que pela dor, já que inebriado pela semi-consciência, que o fim chegara. Estava acuado e vislumbrou seu predador. Era Lecopré, agora de pé a sacudir a sujeira da roupa, recompor-se, como se para ele o tombo não tivesse sido mais que uma brincadeira infantil. Viu sua silhueta aumentar de tamanho como uma visão do inferno, uma plêiade de pernas, braços, cabeças, a massa ensandecida que abrira picada precipitando-se por detrás dele transmutando-o naquele homem monstro. Os gritos e as palavras de ordem o arrancaram do transe, fizeram-lhe notar que a besta permanecia acéfala, ainda que parida de sua leitura contumaz da mitologia ou da alucinação do tombo, o amontoado de homens fundidos naquela fera não passava de células desarticuladas, ensandecidas.  
A sevícia então nem doía mais. De alguma forma, terminara desplugado do corpo e sentia-se como um observador externo, flutuando sobre de si mesmo. Via toda a barbárie de maneira impessoal, como se já estivesse a atravessar o Aqueronte, rumo ao primeiro círculo do inferno. Chegou a notar que até velhos amigos não se furtavam de desferir-lhe chutes, socos e cusparadas, en passant. Eram todos parte daquela besta viva feita de células descerebradas, não mais que um algoz impiedoso e cruel comandado pela ira, incitado pelas circunstâncias. Lembrava-se perfeitamente que alguns dos carrascos de agora, individualmente, já não carregavam traços que pudessem separá-los de macacos ou cães de guarda. Acuados pelo medo e ignorância, tornaram-se massa de manobra e peões de um jogo do qual nem conheciam todas as peças, quanto mais as regras.
Já não importava. Arrastado para fora do mato - ou o que sobrara dele - chegou à rua sentindo-se aos pedaços, e talvez estivesse mesmo despedaçado... já que não conseguia mais definir. 
Como butim e símbolo daquela revolução nefanda, foi levado ao comitê central ainda a tempo de ser mais uma vez julgado por traição num tribunal improvisado e impingido como o único responsável pelas mazelas das quais tivera, até ali, sido apenas a vítima. Não entendia mesmo aquela lógica, razão pela qual transformara-se em estorvo para os demais outrora irmãos de arma.
Morria sob os auspícios daquela revolução que ajudara a deflagrar sob a bandeira da libertação e que agora devolvia-lhe o legado da estupidez e do otimismo insano: a utopia cega sempre voltar-se-ia contra os sonhadores, como um ricochete. Tudo seria apenas questão de tempo até que alguns voltassem a ver-se como homens, enquanto outros, auto-elevados pela soberba à categoria de deuses, provocariam outras revoluções e mortes no seio de seu sonho impossível. 
Homens permaneceriam homens, imperfeitos, e só!

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Apenas mentiras

Não aceito ser encabrestado por censura ideológica.
Comigo, quem decide o que e quem ler sou EU! Mais ninguém. Afinal, a inquisição medieval acabou, embora tenha queimado "hereges" e livros demais.
O patrulhamento é artifício sujo, arma comum dos novos-velhos revolucionários que querem cercear a opinião padronizando-a sob o falso auspício das falsas boas intenções, com suas falsas causas. É tudo falso. Ditadura é o único objetivo dessa gente que não convive com as diferenças, diversidade de opiniões, embora direcionem a pecha de preconceituosos exatamente contra os outros ("chame-os do que você é!"). O mais que fazem é coisa de quem prefere isolar questionamentos, desqualificá-los sem debate ou explicação, já que argumentação lógica é item faltante a esses guerreiros anacrônicos. E embora só falem da velha ditadura  - pela mais absoluta falta de novos vilões a serem personificados (lembrem-se, eles mandam em tudo há mais de 8 anos com trânsito livre e muito dinheiro. Eles podem tudo) -, omitem, descaradamente, que os tais heróis que pegaram em armas contra aquela ditadura só queriam outra, a ditadura da esquerda, deles. Isso sempre foi só trocar seis por meia-dúzia.
Nelson Rodrigues, um simpatizante confesso daquele regime morto (felizmente) há mais de 26 anos, dizia: "Ah, os nossos libertários! Bem os conheço, bem os conheço. Querem a própria liberdade! A dos outros, não. Que se dane a liberdade alheira. Berram contra todos os regimes de força, mas cada qual tem no bolso a sua ditadura."
Hoje entendo perfeitamente o que queria dizer com aquilo.
Vera Magalhães, a Loura 90 do MR-8, em documentário para o programa 'Memória Política' da TV Câmara revelou abertamente o que a propaganda esquerdista sempre tenta suprimir e o que Nelson sabia perfeitamente: "... não éramos exatamente contra a ditadura, éramos contra a ditadura militar burguesa, mas nós éramos a favor da ditadura do proletariado" (sic).
No balanço de sua vida, porém, ao final da entrevista, confirma a clarividência de todos os que crescem, um dia: "eu sou contra a ditadura do proletariado, sou contra qualquer ditadura, não sei nem se existe o proletariado, não sei se existe a concepção marxista do proletariado... não tem nada daquilo, acabou" (sic).
Vera morreu sem receber indenização milionária como a do Ziraldo ou a do Jaguar. Tampouco fez uso político de sua história angariando pra si a responsabilidade pela redemocratização do país, que aliás, foi conquistada por quem ficou e não pegou em armas.
(...)
Millôr disse que "imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados". A estratagema erística de culpar a mídia denuncista, golpista enquanto não esclarecem coisa NENHUMA é o modus operandi herdado do mensalão.
Zé Dirceu, ao invés de falar de "tempos de planície", deveria é ensinar-nos como fazer tanta grana com consultoria, ou escrever um manual de como transgredir a lei e nunca ser pego por ela. Isso poderia ser um novo marco da ciência jurídica, provando que a velha senhora não é mesmo cega (imparcial) e que "certas" pessoas estão mesmo acima da lei. Squid já sabia disso, até disse que Sir Ney não poderia ser tratado como uma pessoa comum. Lá se vão 6 anos do primeiro escândalo e 3 do segundo (o dos atos secretos).
Essa história de “marco regulador da comunicação social - ordenamento jurídico que amplie (???) as possibilidades de livre expressão de pensamento e assegure o amplo acesso da população a todos os meios“ é que é coisa de reacionário. Eu quero é que a imprensa devasse a vida dessa banda podre toda. Eles é que provem o contrário.
Claro, como porém é impossível refutar fatos, provas, vamos ao de sempre: "mídia denuncista, PiG... blá, blá, blá".
(...)
Li 'O que sei de Lula' do Nêumanne. Sem surpresas. Diria apenas que squid nunca me enganou.
'Tempos de Planície' seria tarefa indigesta tanto quanto ler 'O Dono do Mar', do Sir Ney. Ai também já é pedir demais, há limites para meu estômago. Entre esses dois Zés, acho que fico com o João... Guimarães Rosa.

Por falar em Guimarães, 'A vida quer é coragem', de Ricardo Amaral, com aquela foto lindinha da Dilma também não me convence. Lerei, embora "O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem" seja também de Rosa, no Grande Sertão.