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domingo, 12 de fevereiro de 2012

Que os cães ladrem

Outra muito boa do Briguet.


O revolucionário de internet
25 de Janeiro de 2012 - 05:15


Se existissem blogs e redes sociais há 20 anos, eu seria um revolucionário de internet. Graças a Deus, não passei por esse vexame. Mas sei exatamente como eles pensam e agem. Talvez por isso eles me odeiem tanto.

O revolucionário de internet não chegará jamais ao poder (a não ser às “franjas”), porque não dispõe de suficiente senso prático e noção da realidade. Sua forma de ação é unicamente virtual. Mesmo assim, o patrulhamento ideológico que realizam tem grande utilidade para os atuais ocupantes do poder.

A utopia é o paraíso demoníaco almejado pelo revolucionário de internet. Verdade e moral são conceitos relativos para ele. Se a verdade interessa à causa, deve ser divulgada. Se a verdade é contrarrevolucionária, divulgue-se a mentira progressista.

Quando a polícia reprime um movimento social, a primeira pergunta do revolucionário de internet é: “Onde aconteceu?” Se a resposta é um Estado ou cidade governado pela esquerda, ignora-se o fato. Se a resposta é um Estado ou cidade governado pelo que eles imaginam ser a direita conservadora, segue-se uma avalanche de protestos e denúncias, com pouco ou nenhum apreço pelos fatos reais. Quanto ao sofrimento verdadeiro das pessoas, este só vale se pode ser usado na propaganda eleitoral.

Os revolucionários de internet têm uma visão muito seletiva de moralidade. Querem censurar a mídia, tirar a Globo do ar, queimar a Veja, silenciar o papa. Mas não veem nenhum problema em reverenciar assassinos como Che Guevara. Às vezes até se vestem com o uniforme do comandante.

Ataques à religião, à vida pessoal e aos locais de trabalho do “inimigo do povo” são os coquetéis Molotov desses valentões de Internet. Eles se expressam numa língua semelhante ao português, versão parecida com o que Václav Havel chamava de “imbecilês” – o idioma revolucionário de todos os tempos.

O revolucionário de internet pode ser uma boa pessoa na vida real? Claro que sim! Mas, atrás de um teclado, ele vira monstro. Na internet, há revolucionários sinceros e inteligentes, mas nunca sinceros e inteligentes ao mesmo tempo. Não é por acaso que eles sonham com “outro mundo possível”. É o mundo virtual, onde a verdade não passa de reacionarismo.

Claro como água

Do blog do Paulo Briguet, 'Com o perdão da palavra'.


O sequestro da linguagem
03 de Fevereiro de 2012 - 09:29

Qualquer ditadura começa pela linguagem. Atacar a liberdade de expressão é apenas uma das etapas da revolução cultural socialista que vivemos na atualidade; o primeiro passo é estabelecer novos sentidos para as palavras.

Aqui no Brasil temos o partido-príncipe, o partido de Gramsci, o partido do novo Maquiavel (além, é claro, da base alugada e da oposição fraquinha e fajuta).

Nos tempos da ditadura militar, alguns companheiros – hoje no poder – sequestravam inimigos do povo e assaltavam bancos privados. Nos últimos 30 anos, preferem sequestrar palavras e assaltar cofres públicos. Antes, o príncipe socialista era militar e financeiro. Agora, é financeiro e cultural; aderiu ao capitalismo de Estado.

Os inimigos do povo mudaram de nome. Antes, eram os “agentes da CIA”, “lacaios do imperialismo”, “porcos capitalistas”. Hoje, são os “demotucanos”, “neoliberais” e “estadunidenses”.

Havia uma palavra: ética. Foi sequestrada no começo dos anos 90 pelos companheiros que pediam “ética na política”. Engolida pela política, a ética virou dialética. Hoje em dia, os companheiros decidem quem é honesto e quem é ladrão; quem é pacífico e quem é violento.

Havia uma expressão: liberdade de imprensa. Foi sequestrada pelos companheiros enquanto os senhores Fernando Collor e Fernando Henrique Cardoso ocuparam a Presidência da República. Só tinha validade quando os dois Fernandos estavam no poder. Assim que o sr. Lula da Silva ganhou a eleição presidencial, liberdade de imprensa se tornou sinônimo de “imprensa golpista”.

Havia muitas palavras: direitos humanos, anistia, cidadania, justiça social. Foram todas sequestradas. Em Cuba, os direitos humanos são crimes contrarrevolucionários. No Brasil, anistia é algo que só vale para os crimes cometidos pela esquerda. Cidadania para todos – menos para os conservadores. Justiça social é a justiça que não está na lei.

Em nossa cidade, havia uma deliciosa expressão para designar os nativos: pé vermelho. Fazia referência à cor do solo e apropriava-se, com orgulho, de uma antiga expressão pejorativa. Pois não é que os companheiros resolveram sequestrá-la também?