sexta-feira, 4 de julho de 2014

"Não li... e não gostei"

Da Dialética Erística de Schopenhauer aprendi o seguinte:

'Argumentum ad hominem (latim, argumento contra a pessoa) é uma falácia identificada quando alguém procura negar uma proposição com uma crítica ao seu autor e não ao seu conteúdo. Um argumentum ad hominem é uma forte arma retórica, apesar de não possuir bases lógicas.

A falácia ocorre pois conclui sobre o valor da proposição sem examinar seu conteúdo, o que é absurdo.

O argumento contra a pessoa é uma das falácias caracterizadas pelo elemento da irrelevância, por concluir sobre o valor de uma proposição através da introdução, dentro do contexto da discussão, de um elemento que não tem relevância para isso, que neste caso é um juízo sobre o autor da proposição.

Pode ser agrupado também entre as falácias que usam o estratagema do desvio de atenção, ao levar o foco da discussão para um elemento externo a ela, que são as considerações pessoais sobre o autor da proposição.' [1]

Trata-se inequivocamente de uma falácia.
Eu, que a contragosto, claro, leio o Boff, o Quartim, o Safatle e uns tantos outros, confronto seus pontos de vista contra a lógica, a história, a filosofia, o Google, enfim…

Esse Google é mesmo de matar, não há mesmo chance do engodo caso queira pesquisar, estudar e dispender o  tempo necessário confrontando fontes e fatos.

Portanto, a priori, não mais invalido um argumento de antemão pelo atalho fácil do descredenciando da fonte. A menos que venha de um Delúbio ou do Zé… Ai também já seria demais. E embora escravos da ideologia (e não da lógica) sejam mesmo suspeitos compulsórios de seus pensamentos e opiniões - já que reféns de um silogismo às avessas onde a conclusão pré-fabricada (alinhada a seus interesses ideológicos) determina as premissas adequadas para justificá-la, e não o contrário -, ainda mantenho a boa fé inicial na leitura. Nunca se sabe... em meio ao lodaçal pode-se trombar com um diamante. Mas infelizmente, no mais das vezes só dou mesmo é com os burros n’água.


Todavia, ser confrontado sem ser compreendido, e mais, taxado de manipulado tendo como argumento de autoridade a falácia ad hominem no descredenciando de autores citados é mero jogo baixo. Não há possibilidade de debate produtivo quando toda sorte de estratagema erística pauta a discussão, ao invés da lógica.
É impossível ser compreendido caso o leitor simplesmente NÃO leia o que você escreveu. Se a partir de um prejulgamento ou dedução apressada o oponente discorra sobre o que ele ACHA que você escreveu (ou escreveria) com a prepotência de um vidente que antecipa seu pensamento antes mesmo do intróito, remido ainda do fardo maior de ser cuidadoso e averiguar fontes, conceitos e fatos, não estamos mais que num hospício, onde a despeito do barulho, o debate é inócuo e a própria voz não lhe parecerá mais que um grunhido ininteligível.
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Fonte: [1] Wikipédia

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