segunda-feira, 16 de março de 2015

Catilinárias do 15 de Março


Proselitismo político é tabula rasa, argumentação que não passaria nem mesmo pelas mesas de buteco, onde, diga-se de passagem, filosofias e filosofadas são digestivo para a cerveja e o fígado com jiló na chapa. Lá todos somos filósofos, cientistas políticos, ainda que durante a bebedeira, apenas. Uns com mais visão, arcabouço teórico, outros com menos, é bem verdade, mas todos companheiros... de copo.
(...)
Desde que iniciei esse blog em 2010, um dos assuntos preferidos sempre fora política. Aptidão pueril, ligada a nada, nem partido, nem causa, apenas reflexões pessoais, muito pessoais, fomentadas pela liberdade de expressão da Internet. 
Mineiro demais pra bahianizar e jovem de menos pra radicalizar, nunca alardeei nada, sempre na miudinha. Lembrei-me pois foi da frase de Tancredo, "se é mineiro não é radical, se é radical não é mineiro". 
Mas desde o ano passado cansei de dizer o mesmo repetindo-me à exaustão, talvez adoecido pelo quadro congelado que também só se repete há 12 anos, inerte, imutável, enfadonho. Como Mainardi, mas por motivos outros e menos sofisticados, reduzi a quase zero minhas elucubrações sobre política. Não de caso pensado, ou porque alguém se importasse (meus 3 ou 4 leitores não dariam a menor pelota) mas por tédio, fastio. Para deixar de ser também uma "pantomima de mim mesmo", desinteressei-me pela pantomima ai de fora, agora mais que nunca protagonizada pelos gigantes intelectuais do Facebook. Sim, contradição em termos. Sim, sarcasmo puro.

Depois de ontem, e acometido por minha fraqueza inglória de perscrutar o Face, venho me deparando com tolices essas sim dignas de impeachment. Em qualquer lugar do mundo bobagens e ofensas como as que vi agora a pouco mereceriam o cadafalso do desprezo ou o rótulo indefectível da asnice. É demais. Ainda bem que Zuckerberg é democrata e não faz filtro das pérolas que ali trafegam, caso contrário, qualquer mecanismo de governança de conteúdo classificaria como improbidade certos posts e comentários e seus autores estrelariam agora a lista dos estelionatários... até que provassem inocência... útil. Mas como a liberdade de opinião deve ser preservada a qualquer custo, talvez mecanismo mais sutil fosse apenas notificar o incauto no inbox sobre sua patacoada dando-lhe então a chance da reflexão ou até provendo-lhe fontes de pesquisa fidedigna para contestação. "Qual o quê"... Isso seria o mesmo que tentar argumentar com pombos na praça discursando as Catilinárias de Cícero em voz alta: "Quo usque tandem abutere, Catilina, patientia nostra".
(...)
A todos aqueles cuja vergonha sucumbiu ao infantilismo ideológico, a lógica ao fanatismo partidário, o bom senso às rotinas defensivas, a visão ao obscurantismo da mitificação de palanques...
Petralhas, "Até quando, ó Catilina, abusarás da nossa paciência".


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