domingo, 4 de abril de 2010

Um dia na Firma

(2002, do escritório de uma empresa que já não existe mais)
Alguns limites nos são impostos por mera presunção ou pura impertinência. Como vociferar prognósticos tendo como embasamento parâmetros escusos da psicologia, subjetividades carregadas de emoções pessoais? 
A menos que tenhamos algum dom metafísico de premonição ou parte com o "demo", qualquer predição acerca do destino alheio é mero exercício de onipotência. Quando tal situação se restringe a um jogo de dados com o alheio num happy hour na mesa de um bar com algumas garrafas de cerveja hidratando a prosa, vá lá. Entretanto, quando tal empresa assume o peso de um futuro, é inconsequência determinarmos limites à capacidade alheia tendo como variáveis nossos próprios receios acerca das pessoas.

Quando formulários, burocracias assumem papel mais importante que pessoas, deparamo-nos com algum tipo de distorção.
Outra observação: sejamos francos, estatísticas podem e são manipuladas contra ou a favor dependendo da situação. O que vemos ao longo dos anos de efetividade em controles, marketing colorido para transformar equívocos desastrosos em premiações a realizações esdrúxulas, são uma espécie de culto à incompetência velada por métricas, estatísticas e relatórios.

Vamos mal. Perde-se mercado a cada dia por uma conjunção de fatores que vão desde a letargia comercial até o emperramento e miopia causados pela cultura do medo e terror. O erro não servindo como legado para o aprendizado e sim como um estigma para demoções ou congelamentos.

"A fé remove montanhas".
Há mais nesta frase que simplesmente a conotação da manipulação religiosa.
Fé na amplitude de crença, ideal, sonho, objetivo. Acreditar é condição sine qua non para perseverar, é o esteio da motivação.
Das teorias psicológicas como por exemplo a de Maslow e sua pirâmide das necessidades, todas apontam direta ou indiretamente para a crença como amálgama e justificação de  uma particular motivação. Com efeito, ela tem papel definitivo na garantia de todos os valores desejáveis para a harmonia do convívio social.
É desejável, por exemplo, que ninguém pratique tiro ao alvo da janela de um edifício com os transeuntes incautos da rua. Além do poder e autoridade legais, faz-se necessário um adendo, que o atirador acredite ser abominável matar seres humanos por mero exercício de pontaria, caso contrário - sobretudo num país como o nosso, onde cadeia é artigo para pobres - correríamos o risco do poder estamental permitir tal luxo macabro sem maiores conseqüências.

Não é diferente na economia, na política, no esporte ou nas empresas. Vamos mal economicamente em conseqüência da descrença do capital em investimentos na América Latina após nossas históricas e sucessivas crises político-econômicas. Vamos mal na política/economia porque não acreditamos na idoneidade de nenhum político, e da parte deles, por não acreditarem que serão punidos por improbidade algum dia. Vamos mal no futebol por não acreditarmos mais na pátria, na camisa como um fim em si mesmo.

É imperativa a manutenção da motivação em nossas vidas, seja ela por algum estímulo de realização pessoal, seja por alguma necessidade auto-justificável.

É preciso reavaliar o objetivo comum, tão esquecido no emaranhado egoísta dos objetivos individuais que nem sempre conseguem se livrar do canibalismo e antropofagia.

Assim, uns e outros - individualmente - estão muito bem no topo de um ranking que é o mastro de um navio afundando, enquanto outros já se afogaram ou estão prestes a: a questão aqui é apenas de ordem, quem vai morrer na frente, embora a morte seja extensiva a todos.
Francamente!

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