quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Crônicas do Mato. Começo…

Introdução “wikipediana” :
Minas Novas, antes denominada Arraial das Lavras Novas dos Campos de São Pedro do Fanado, foi fundada pelo bandeirante paulista Leme do Prado. Ele veio à cata de ouro, encontrado em abundância no arraial. Deixando a região do rio Manso próximo a Diamantina devido a uma epidemia e procurando o rio Araçuaí e o rio Itamarandiba, Sebastião Leme do Prado, juntamente com outros paulistas, vieram a encontrar o rio Fanado por erro de rota, e mais tarde o ribeirão Bom Sucesso.
O povoado foi elevado à condição de vila no dia 2 de outubro de 1730, recebendo o nome Vila de Nossa Senhora do Bom Sucesso das Minas Novas da Contagem (obelisco próximo ao Funchal marca o local - nada a ver com a cidade da Ilha da Madeira. Muito melhor, é a casa do Seu Dimas *).
Criada como arraial da Vila do Príncipe (hoje município do Serro), Minas Novas passou a pertencer ao território baiano até 28 de setembro de 1760. Passou novamente a integrar a capitania de Minas Gerais sob a jurisdição do Ouvidor da Comarca do Serro Frio, mas permanecendo eclesiasticamente ligada à Diocese de Jacobina, da Bahia. Pela provincial de 9 de março de 1840, foi elevada a categoria de município com o nome de Minas Novas.
Foi o maior município do Estado de Minas Gerais. Do antigo município foram criados 65 municípios mineiros de hoje, entre os quais podemos citar: Teófilo Otoni, Nanuque, Araçuaí, Salto da Divisa, Capelinha, Itamarandiba, Turmalina, Leme do Prado. Fonte: Wikipédia

(...)

Isso é só pra dar-lhes uma ideia a qual mato estou me referindo.
Na verdade, o importante é que temos pequis e já tivemos marmelos, que a estrada para Diamantina era de terra e quando chovia, aquilo virava um “leguedê” pra sair ou chegar.
Que antigamente os urubus formavam esquadrilhas a esquadrinhar os céus sob as benesses das cordilheiras de ventanias que faziam o trabalho do voo sozinhas, planando as naves de graça (sempre achei urubu um bicho preguiçoso. Até pra comer fica à espreita e observa agourento. Só depois que o "dicumê"  tá morto é que se arrisca. Caçar??? Nunca).
Que as andorinhas apinhavam os fios da rede elétrica ao alvorecer...
Até que “um dia, no Fanado, quando o véu dos tempos se rasgou em raios e ventos, e o cordão de andorinhas que ao sol exibiam suas asas azuis ao longo dos fios vindos da Barragem se rompeu, um espalho de milhão de inocentezinhas pelas barrancas do "Becan" qualhou a terra. E no lugar em que cada uma delas se fundiu, pela força da corrente do raio misturada à fúria dos fios, nasceu um liriozinho espontâneo cor-de-rosa, o qual tinha na ponta de sua haste um tubérculo em forma de coração verde, embora já sem esperança”(1).

Mas é dai, desse lugar 220 Km depois de Diamantina onde nasceu meu pai, meu avô, de onde minha mãe saiu pra crescer a família em Belo Horizonte, de onde agora trago seixos. Irregulares, alguns mesmo sem brilho, como os que Benito Barreto uma vez trouxe da Capelinha de Guanhães para sua tetralogia “Os Guaianãs”.
Porém, não menos bárbaros, ou menores…
É meu rebento, meu grito xenófobo. O grito de um mineiro caminhante longe de casa que viu mundo e concluiu que nem Paris nem Londres, nem Budapeste, Tsurumi ou Wakayama, nem Chicago nem Amsterdam. Muito menos Barcelona.
É Minas meu mundo. É Guimarães meu grande sertão e é o cerrado minha geografia.
Mais importante que tudo, é um pequizeiro minha árvore vital!!!

Não foi à toa que Beto Guedes elegeu como logotipo de sua Editora Musical um pequi (afinal ele é de Montes Claros).
E eu ainda me delicio ouvindo “A Página do Relâmpago Elétrico” ou “Amor de Índio” em vinil e olhando de cima aquele pequi girando bem no meio do pick up, lentamente...

Muito ainda será dito…

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* (NA)
(1) Pedindo licença poética a Geraldo Mota (meu primo Lalau). Adaptação de texto seu postado no blog de sua irmã Elisa, http://negritudexpureza.blogspot.com/2009/08/bailado-das-horas-noturnas-em-minas.html.

Um comentário:

  1. Amanha, em homenagem a vc, vou fazer um arroz com pequi e roer até o espinho...tirar a gema e falar: este é para vc, mano!
    ( arrotos a parte...)

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