sábado, 8 de outubro de 2011

Analfabetismo Funcional

Para entender o fosso que separa o brasileiro do senso crítico (um abismo semelhante ao que separa Sir Ney da literatura), passamos necessariamente pelo analfabetismo funcional. Levando-se em conta a falta de hábito e interesse do brasileiro pela leitura, e estudo - algo que nos últimos anos transmutou-se mesmo em "aversão plena" -, é fácil deduzir explicação para a eleição continuada dessa classe política nefasta e a manipulação descarada das "massas" pelos grupos de poder e interesse.
Adicionalmente, fica fácil entender o deslocamento das discussões dos verdadeiros problemas sociais para banalidades de toda sorte, como se tudo o que realmente importasse fosse dinheiro, status, posses. Pior: muitos afirmarão indignados "SIM, é tudo o que importa". Isso parece mesmo ter se transformado em "virtude cívica". Pior para nós, para nossos filhos e gerações futuras.
Ai, cito novamente Chomsky (Obs.: não sou discípulo do homem, só concordo com a formalização da estratégia da distração) e a primeira das '10 estratégias de manipulação através da mídia'.
ESTRATÉGIA DA DISTRAÇÃO.
O elemento primordial do controle social é a estratégia da distração que consiste em desviar a atenção do público dos problemas importantes e das mudanças decididas pelas elites políticas e econômicas, mediante a técnica do dilúvio ou inundações de contínuas distrações e de informações insignificantes. A estratégia da distração é igualmente indispensável para impedir ao público de interessar-se pelos conhecimentos essenciais, na área da ciência, da economia, da psicologia, da neurobiologia e da cibernética. “Manter a atenção do público distraída, longe dos verdadeiros problemas sociais, cativada por temas sem importância real. Manter o público ocupado, ocupado, ocupado, sem nenhum tempo para pensar; de volta à fazenda como os outros animais (citação do texto ‘Armas silenciosas para guerras tranqüilas’)”.

Da Wikipédia:
'Analfabeto funcional é a denominação dada à pessoa que, mesmo com a capacidade de decodificar minimamente as letras, geralmente frases, sentenças, textos curtos e os números, não desenvolve a habilidade de interpretação de textos e de fazer as operações matemáticas. Também é definido como analfabeto funcional o individuo maior de quinze anos e que possui escolaridade inferior a quatro anos, embora essa definição não seja muito precisa, que existem analfabetos funcionais com nível superior de escolaridade.

Níveis de alfabetização funcional

Existem três níveis distintos de alfabetização funcional, a saber:
  • Nível 1, também conhecido como alfabetização rudimentar, compreende aqueles que apenas conseguem ler e compreender títulos de textos e frases curtas; e apesar de saber contar, têm dificuldades com a compreensão de números grandes e em fazer as operações aritméticas básicas.
  • Nível 2, também conhecido como alfabetização básica, compreende aqueles que conseguem ler textos curtos, mas só conseguem extrair informações esparsas no texto e não conseguem tirar uma conclusão a respeito do mesmo; e também conseguem entender números grandes, conseguem realizar as operações aritméticas básicas, entretanto sentem dificuldades quando é exigida uma maior quantidade de cálculos, ou em operações matemáticas mais complexas.
  • Nível 3, também conhecido como alfabetização plena, compreende aqueles que detêm pleno domínio da leitura, escrita, dos números e das operações matemáticas (das mais básicas às mais complexas).

O problema do analfabetismo funcional no Brasil



Segundo dados de 2005 do IBOPE, no Brasil o analfabetismo funcional atinge cerca de 68% da população (30% no nível 1 e 38% no nível 2). Somados esses 68% de analfabetos funcionais com os 7% da população que é totalmente analfabeta, resulta que 75% da população não possui o domínio pleno da leitura, da escrita e das operações matemáticas, ou seja, apenas 1 de cada 4 brasileiros (25% da população) são plenamente alfabetizadas, isto é, estão no nível 3 de alfabetização funcional. Esses índices tão altos de analfabetismo funcional no Brasil devem-se à baixa qualidade dos sistemas de ensino público, à falta de infraestrutura das instituições de ensino (principalmente as públicas) e à falta de hábito e interesse de leitura do brasileiro. Em alguns países desenvolvidos e/ou com um sistema educacional mais eficiente, esse índice é inferior a 10%, como na Suécia, por exemplo.'
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Aqui alguns links onde tais informações podem ser confrontadas:
http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI659284-EI994,00.html
http://www.educacional.com.br/noticias/noticiaseduc.asp?id=226926
http://www.ipm.org.br/ipmb_pagina.php?mpg=4.01.00.00.00&ver=por
http://www.ipm.org.br/ipmb_pagina.php?mpg=4.02.00.01.00&ver=por&ver=por

75% da população brasileira, conforme dados de 2005, é analfabeta:
- 68% de analfabetos funcionais;
- 7% de analfabetos.

(...)

Já fui chamado de "viajante", e mais recentemente - numa alusão definitivamente equivocada à Shakespeare - de Hamlet. Tenho autocrítica: a distância da última "pecha" com a realidade é diretamente proporcional ao insulto feito a Shakespeare e Hamlet. O abismo é do mesmo tamanho do analfabetismo funcional no Brasil. Não sou nada e disso sei muito bem!
Já a primeira pecha... vá lá. Prefiro mesmo fechar os olhos e "viajar" com o meu complexo de Walter Mitty ou ser acossado pela Síndrome de Charles Bonnet, ao contrário.

Como tenho sofrido puxões de orelha, "correções" de português, de estilo, exatamente dessa turma "avalizada" cujo conhecimento literário/filosófico foi pavimentado provavelmente pela leitura da biografia de algum famoso ou por livros de auto-ajuda, deixo uma provocação:
No teatro do teatro da vida é que sabemos se os fantasmas disseram mesmo a verdade ou não.
Entendeu? ...
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Gravura #1: Horácio, Hamlet, e o Fantasma (Artista: Henry Fuseli 1798)
Gravura #2: Onde o desmascaramento de Cláudio é atingido através de um recurso singular: o teatro no teatro. (Artista: Maclise)

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