sexta-feira, 20 de julho de 2012

"Back in black"

Paulo Briguet costuma falar dos seus seis ou sete leitores no blog 'Com o Perdão da Palavra', no Jornal de Londrina.
Eu sou mais modesto, tenho apenas dois, ou três, sem contar minha mulher e filhos. Anyway, antes seis, sete ou três leitores inteligentes que uma legião de zumbis da Internet. O Francis já falava disso mesmo antes dos blogs e das redes sociais.

Pois bem, esses dois ou três me cobraram aqui, já que andei sumido por um tempo. Na verdade, é que um de meus assuntos prediletos anda tão previsível que perdeu o sal. Como de resto tudo continua como dantes no quartel d'Abrantes, me afundei no trabalho e em outros assuntos pessoais.
Por falar no Briguet, recomendo a leitura de seu penúltimo artigo, tão simples quanto verdadeiro.

Bem, mas "voltando à vaca fria" (de onde veio essa expressão meu Deus??? Vai ai, do portal TerraDe acordo com o professor Ari Riboldi, no seu livro 'O Bode Expiatório', essa expressão é a tradução da muito usada na França "revenouns à nous moutons", ou seja, voltemos aos nossos carneiros. Essa frase fazia parte da peça teatral 'A farsa do Advogado Pathelin', sobre um roubo de carneiros.
Esta peça, considerada a primeira comédia da literatura francesa, data do fim da Idade Média, precisamente do ano de 1460. Infelizmente, não se tem conhecimento do seu autor.
Mas, voltemos à vaca fria. Em determinada cena da peça, o advogado do ladrão faz longas divagações fora da questão principal e o juiz chama a sua atenção com a frase 'voltemos aos nossos carneiros', fazendo-o retomar o assunto.
Porém, a tradução para o português da expressão acabou transformando os carneiros em uma vaca. Essa distorção, segundo Riboldi, possivelmente se deva ao fato de que era costume, em Portugal, servir um prato frio feito com carne de gado antes das refeições, ao qual muitos comensais recusavam. Estava dispensada, assim, a "vaca fria".), para retornar precisava de um mote, um tema para escrever. Pensei em falar da subversão da escala de valores e perda absoluta do senso de proporção no caso da cadela explodida pelo produtor homem bomba do Thiaguinho, mas ai leio que morreram dois moradores de rua em Curitiba nos últimos dias, consequência do frio intenso. Aliás, quem é mesmo esse tal de Thiaguinho???
Dai passei a perscrutar assuntos mais intelectuais e sofri uma indigestão mental - estou numa daquelas fases onde iniciei a leitura de uns quatro livros (que vão do Anticâncer do David Servan-Schreiber ao Morcegos Negros do Lucas Figueiredo passando por The Tipping Point do Gladwell e Guerra e Paz) sem ter conseguido passar da metade de nenhum deles - com o tédio me arrancando até das mãos de Tolstói. Bored to death.
Talvez por isso minha dificuldade para escrever ultimamente. Notei, e talvez isso só sirva pra mim, que só consigo escrever caso esteja lendo... A leitura seria uma espécie de combustível sem o qual o motor cerebral não liga. Tarefas mundanas e algumas vicissitudes incontornáveis com certeza também colaboraram para esse hiato.
Mas sou fiel aos meus dois ou três leitores e embora este texto sirva mais para "confundir que para esclarecer" (outra dia me deliciei ao ver o Velho Guerreiro no Canal Viva e presto-lhe então a homenagem), quem disse que vim aqui para facilitar a vida do leitor?

Homenagem então a esses solitários e guerreiros leitores:  Hamilton e Zé Pequeno pela carraspana para que eu voltasse; Dr Chambinho que sei que lê o blog ainda que me falte toda a inspiração, erudição e conhecimento do mundo. 

"Tamo junto..."

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