domingo, 29 de julho de 2012

Bolero

A dor repetida, crônica, banaliza o sofrimento.

Na verdade a opacidade é legado maldito da repetição. Quase tudo é trivial após repetido miríade de vezes, até o erro vira "normal", ainda mais se não há repressão moral, legal ou racional para ele.
Aqui por essas bandas a picaretagem recebeu o eufemismo hipócrita de malfeito.
Assim na política, assim nas relações humanas. Até a "mentira repetida mil vezes vira verdade". Disso sabia Goebbels e sabem bem os mensaleiros e seus advogados e ex-ministros da justiça.
Hoje qualquer descalabro ou cinismo caminham juntos, irmanados sob o pragmatismo corrompido do poder. "A hipocrisia é a homenagem que o vício presta à virtude", já dizia Francois de La Rochefoucauld ainda no Século XVII. 
E eis que todos se acostumaram, tomando por normal o absurdo e por absurdo o normal, desde que o crédito seja mantido e o consumo permaneça em alta. Esse mesmo, o consumo, vilão nefasto dos teóricos esquerdopatas antes da estabilização econômica e da constatação de que o voto está mais para o dinheiro no bolso que para a melopéia sobre luta de classes.
O intelecto raso (um antigo professor da UFMG dizia que haviam os alunos acima da média, os abaixo da média e os que sempre estavam na média; esses, os "medíocres"), sempre manipulado por palavras-gatilho virou a pedra de toque da militância atual. Pra mim nada mais que reações acéfalas de torcidas organizadas, embora não tenha notícia de partidos políticos numa peleja no Mineirão.
(...)
Temos eleições de dois em dois anos no Brasil e eis portanto a inevitável invasão do lixo eleitoreiro em sua rotina, por mais que se corra dele. Pior, para ele não há alho, cruz de prata ou água benta que dê jeito.

A mim bastaria o seguinte: se você agir sempre com dignidade, pode não melhorar o mundo, mas uma coisa é certa, haverá na Terra um canalha a menos” (Millôr).

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J.F.K. "Se você agir sempre com dignidade, talvez não consiga mudar o mundo, mas será um canalha a menos".

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