segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Minas Novas por Rosa e Barreto.

Histórico

Por volta de 1727, um grupo de bandeirantes chefiados por Sebastião Leme do Prado localizou a ocorrência de ouro em um dos afluentes do Rio Fanado que, por essa razão, recebeu o nome de Bom Sucesso. A notícia de grandes jazidas atraiu os faiscadores[1]. Entre o Rio Fanado e o seu afluente Bom Sucesso, formou-se o primeiro núcleo populacional, em torno de uma capelinha, erigida em homenagem a São Pedro. Assim nasceu o Arraial de São Pedro do Fanado, que rapidamente prosperou, recebendo, dois anos depois, o título de Vila do Bom Sucesso do Fanado de Minas Novas.
Fonte: IBGE

Guimarães, no 'Grande Sertão: Veredas', inventou um tal "Lindorífico, chapadeiro minas-novense, com mania de aforrar dinheiro", companheiro jagunço de Riobaldo Tatarana na saga rosiana.

Agora Benito Barreto, do mesmo 'Barreto' de Abílio, seu tio-avô e historiador mineiro que viu a construção da nova capital de Minas Gerais, dá vida aos personagens da conjuração mineira na trilogia 'Saga do Caminho Novo' e ressuscita Minas Novas nas memórias do Tiradentes:
"E, de pronto, se dá conta que de todos os seus erros e trapalhadas - e quantos hei cometido e praticado, meu Deus! - fora de todos o maior, mais grave, a vinda intempestiva para o Rio, o que fizera num impensado impulso de revolta e desespero, ante o recuo do comandante Paula Freire e a retirada subsequente, ou manifesta indecisão dos outros, só agora compreendendo que, ao invés de o fazer e vir tentar na Corte, em terreno que, a rigor, não é o seu, um apoio que não tinha em casa, mais lhe aprouvera e à causa, ter-se retirado, por exemplo, para Minas Novas e o Tejuco, ai juntar-se com o padre Rolim e os guerrilheiros do garimpo e deflagarem o levante, mesmo antes ou a despeito da Derrama[2] e sem os outros sócios!" (p. 45)

No capítulo 3, 'De repente, com o Diabo, num rancho, em Minas Novas' do primeiro livro da trilogia, 'Os idos de Maio', mais uma referência. (p. 53)
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[1] A faiscação era a pequena extração representada pelo trabalho do próprio garimpeiro, um homem livre de poucos recursos que excepcionalmente poderia contar com alguns ajudantes. No mundo do garimpo o faiscador é considerado um nômade, reunindo-se às vezes em grande número, num local franqueado a todos. Poderiam ainda ser escravos que, se encontrassem uma quantidade muito significativa de ouro, ganhariam a alforria.
Fonte: http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=302
[2] No Brasil Colônia, a Derrama era um dispositivo coator contra os "homens-bons" (brancos e ricos), para que estes zelassem pela arrecadação dos quintos reais. O quinto era a retenção de 20% do ouro em pó ou folhetas levado às Casas de Fundição, que a colônia era obrigada a mandar para a metrópole. Correspondia a uma taxa cobrada dos "homens-bons" e que foi fixada em 100 arrobas anuais (1 arroba equivale a aproximadamente 15 quilogramas), ou seja, 1500 quilos. Como não raramente o quinto não era pago integralmente e, os valores não pagos eram acumulativos, era preciso intensificar a cobrança, confiscando-se bens e objetos d'ouro. Essa prática de cobranças de valores para atingir a meta estipulada pela Coroa era chamada de Derrama. O sistema de cobrança dos quintos por Casa de Fundição, com o dispositivo coator da Derrama, foi implantado em 1751, sucedendo ao Sistema da Capitação que tinha levado as Minas Gerais à total miséria. "Ou se extinguia a Capitação, ou Portugal perderia não só as Minas, mas a própria Colônia", afirmou o próprio Marquês de Pombal em suas razões para extinguir a Capitação. Ao final da capitação (1735-1751) e ante o desastre que causara às Minas, os próprios analistas de Mariana, em nome do povo, em carta ao rei, no ano de 1751, vieram a dizer e a afirmar que “concluímos que não há modo mais justo para Sua Majestade arrecadar o seu quinto do que as casas de fundição”. Na verdade, ocorreu apenas uma Derrama promovida pelo Governador de Minas Gerais Luiz Diogo em 1763/1764. De resto, embora a cota de 100 arrobas anuais quase nunca fosse atingida, os "homens-bons" sempre adiaram, emendaram e repactuaram o pagamento da mesma. Entranhados ao poder político, esses "homens-bons", que eram quase-sócios do Estado, conseguiram sempre empurrar com a barriga e adiar as derramas. A partir de 1787-1788, a corrupção dos governantes da Capitania de Minas Gerais, aliada aos boatos de que a Derrama, agora, sem escapatória, iria ser implementada, fez desencadear em vozes mais altas as confabulações que desaguariam na Inconfidência Mineira, ferozmente reprimida pelo governo real de Maria I, mãe do futuro rei Dom João VI e avó de Dom Pedro I do Brasil (Pedro IV de Portugal).
Fonte: Wikipédia

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