quarta-feira, 17 de agosto de 2011

"Nunca dantes..."

Sempre tive imenso apreço por argumentação lógica, silogismos, muito antes de conhecer o "Cícero", suas elucidações filosóficas, matemáticas, mesmo antes de saber que "catso" significava silogismo, ou saber quem era Aristóteles, Boécio, Bertrand Russell. 
Imposturas sempre me desceram melhor precedidas por argumentos - de preferência convincentes - dedutíveis ou lastreados por causalidade.

Antes de conhecê-lo, no finado Colégio Anchieta no centro de BH, detinha-me apenas ao diletantismo dos debates pueris com o Hamilton, meu melhor amigo, quando quase sempre era massacrado. O "rapaz" usava maiêutica como um Sócrates do subúrbio, embora nem eu nem ele tivéssemos a mínima ideia do nosce te ipsum - "conhece-te a ti mesmo" do Oráculo de Delfos, ou de Sócrates, Platão e, muito menos, que diabo era a tal maiêutica. "Só sabíamos que nada sabíamos". Pelo menos foi assim até o iluminismo do "Cícero". 
Não que isso tenha realmente mudado tanto...

Tudo bem, podiam ser discussões estéreis, irrelevâncias, debates inúteis dentro do ônibus no caminho de volta pra casa depois da aula, dois palhaços com minhoca na cabeça filosofando sobre qualquer banalidade sob o olhar atônito das outras "criaturas da noite" que também viajavam de volta no "trem das onze". Nenhum glamour, at all.

Mas hoje sei que foram úteis. Posso até me arriscar por Schopenhauer - sua Dialética Erística - com certa "familiaridade". 
É imperativo, diga-se de passagem. De que maneira seria possível "entender" os políticos e "intelequituais" pelegos, suas explicações estapafúrdias sem saber do 'argumentum ad hominem', do estratagema do 'desvio', da 'homonímia sutil', da 'ampliação indevida', da 'manipulação semântica' e principalmente do 'rótulo odioso'? 
Como entender a pecha de "moralismo udenista" como "justificativa" para a indignação sincera com a corrupção deslavada e acintosa como "nunca dantes"? Como compreender a "explicação" de que as tramóias no Ministério do Transporte, do Turismo, da Agricultura reveladas pela imprensa "é mera estratégia deles, deles que estiveram do lado de lá no golpe de 64" (isso porque não tocaram ainda no Ministério das Minas e Energia, do autor do Brejal) ?

Bom, o golpe findou há mais de 26 anos e não é nem nunca foi justificativa para os ministérios loteados logo para eles, eles que estavam do lado de lá no golpe de 64. Paradoxo??? Seria, caso respeitassem a lógica. Não é o caso. Aqui é o reino do paralogismo... Navegue pelos blogs chapa branca e deleite-se. Só não tente usar Aristóteles.

Até quando os mesmos jargões? Até quando as mesmas referências jurássicas para esconder a própria face e as m... deixadas pelo caminho? Até quando as "heranças malditas" continuarão a justificar o fiasco futuro? Até quando a culpa permanecerá terceirizada sobre os ombros alheios? Até quando "eu não sabia de nada...", "não provaram nada contra mim, fui absolvido pela justiça", "tudo não passa de perseguição política" etc. etc. etc.? Até quando???

Nenhum comentário:

Postar um comentário