segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Libertas Quæ Sera Tamen

Tenho visto diversos "manifestos" contrários a posição tomada por Chico e outros notáveis ("intelequituais" - valeu Millôr) com relação às eleições.
Saio em defesa... só do Chico (o resto nem sei se sabia o que fazia lá).

Niemeyer, como Althusser (ou não!), "engajou-se no que os acólitos de Althusser chamavam de "leitura sintomática de Marx". Isso significava que pensavam de Marx o que precisavam e ignoravam o resto. Quando queriam que Marx houvesse dito ou definido algo que não conseguiam encontrar em suas obras, eles interpretavam os "silêncios", construindo com isso uma entidade de sua própria imaginação. Chamavam o procedimento de ciência, uma ciência que Marx supostamente inventara e que poderia ser aplicada como uma matriz a todos os fenômenos sociais."[1]

Fato é que em sua biografia nunca li nada que remeta a alguma luta de fato. No máximo, o que retirei da Wikipédia e reproduzo abaixo desabona-o ainda mais:
"A luta política é uma das questões que sempre marcaram a vida e obra de Oscar Niemeyer. Em 1945, já um arquiteto conhecido, conheceu Luís Carlos Prestes e filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB). Niemeyer emprestou a Prestes a casa que usava como escritório, para que este montasse o comitê do partido. Sempre foi um forte defensor de sua posição como stalinista. Durante alguns anos da ditadura militar do Brasil autoexilou-se na França. Um ministro da Aeronáutica da época diria que "lugar de arquiteto comunista é em Moscou".Visitou a União Soviética, teve encontros com diversos líderes socialistas e foi amigo pessoal de alguns deles. Em 2007 presenteou Fidel Castro com uma escultura de caráter antiamericano: uma figura mostruosa ameaçando um homem que se defende empunhando uma bandeira de Cuba. Em seu discurso de 2007, onde Fidel fala em aposentadoria, faz referência ao amigo Niemeyer: "Penso, como (o arquiteto brasileiro Oscar) Niemeyer, que se deve ser consequente até o final". Esta frase foi repetida em sua carta de renúncia de 18 de fevereiro de 2008.
"Não me sinto importante. Arquitetura é meu jeito de expressar meus ideais: ser simples, criar um mundo igualitário para todos, olhar as pessoas com otimismo. Eu não quero nada além da felicidade geral"- Oscar Niemeyer.
Apesar do discurso comunista, da fama de ser desapegado de dinheiro e pródigo, de ter doado diversos projetos e não ter acumulado fortuna, seus projetos custam altas cifras ao Estado: em 2007, cobrou 7 milhões de reais pelo projeto da nova sede do Tribunal Superior Eleitoral, em Brasília, tendo sua empresa recebido 33,5 milhões de reais do governo federal, entre 1996 e 2008, apenas por projetos de obras em Brasília."

Para ele não há defesa. Comunista de gaveta. Cereja do bolo, intelequitual útil. Melhor só olhar para os prédios. Esses não falam. São poesia...calados.

Mas tiremos o Chico dessa.
Não tenho nada a ver com sua postura política. Afinal, democracia e liberdade é isso mesmo. Ele é favor...eu contra...mas nem por isso sua obra é menor.
Aliás, revisitando, redescobrindo Chico, sua obra é maior.

Não confundamos as coisas.
Embora Niemeyer diga "que só quer a felicidade geral", nunca tive notícia de alguém sendo tocado pela providência numa comunhão milagrosa com Deus na Catedral de Brasília.
Estive lá. Bela obra arquitetônica. Arquitetônica. De fora. Lá dentro, só com um sistema de refrigeração de primeira. Faz um calor dos infernos (epa, blasfêmia).
Já do Chico, é so ouvir uma de suas centenas de músicas. Toca a alma, faz a felicidade geral sem levantar um tijolo da construção.

Bom, não caiamos nessa beligerância exacerbada que transformou as opiniões contrárias em inimigas e dignas de exclusão ou eliminação. Essa postura é mais característica nos partidários do grão mestre Squid, sim.
Esse não é nosso discurso, não é o discurso liberal (SIM! LIBERAL![2] Vá de retro patrulhamento ideológico!).

Ponha algo no som e relaxe.
Tente "Retrato em Branco e Preto",  "Quem te viu, quem te vê", "Pelas Tabelas", "Quando o Carnaval Chegar", "Pedaço de mim" ...
Me diga depois se vale a pena misturar as coisas.

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[1] Ver Tony Judt, Reflexões Sobre Um Século Esquecido 1901-2000 (RJ, 2008), p. 128
[2] O Liberalismo é um sistema político-econômico baseado na defesa da liberdade individual, nos campos econômico, político, religioso e intelectual, contra as ingerências e atitudes coercitivas do poder estatal.
Apesar de diversas culturas e épocas apresentarem indícios das ideias liberais, o liberalismo definitivamente ganhou expressão moderna com os escritos de John Locke (1632 - 1704) e Adam Smith (1723-1790). Seus principais conceitos incluem individualismo metodológico e jurídico, liberdade de pensamento, liberdade religiosa, direitos fundamentais, estado de direito, governo limitado, ordem espontânea, propriedade privada, e livre mercado.
A história do liberalismo abrange a maior parte dos últimos quatro séculos, começando na Guerra Civil Inglesa e continua após o fim da Guerra Fria. O liberalismo começou como uma doutrina principal e esforço intelectual em resposta as guerras religiosas, segurando a Europa durante os séculos 16 e 17, embora o contexto histórico para a ascensão do liberalismo remonta à Idade Média. A primeira encarnação notável da agitação liberal veio com a Revolução Americana, e do liberalismo plenamente explodiu como um movimento global contra a velha ordem durante a Revolução Francesa, que marcou o ritmo para o futuro desenvolvimento da história humana. Liberais clássicos, que em geral destacaram a importância do livre mercado e as liberdades civis, dominaram a história liberal no século após a Revolução Francesa. O início da Primeira Guerra Mundial e a Grande Depressão, porém, aceleraram a tendência iniciada no final do século XIX na Grã-Bretanha para um novo liberalimo que enfatizou um maior papel para o Estado melhorar as condições sociais devastadoras. No início do século XXI, as democracias liberais e as suas características fundamentais de direitos civis, liberdades individuais, sociedades pluralistas e o estado de bem-estar haviam prevalecido na maioria das regiões do mundo. O liberalismo defendia a descentralização politica. (FONTE: Wikipédia).

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